quarta-feira, 14 de abril de 2010

Serra inicia pré-campanha com viagem à Bahia

DEU EM O GLOBO

Tucano tenta aproveitar o rompimento entre aliados da base lulista no estado; amanhã ele vai visitar Alagoas

Maria Lima, Gerson Camarotti,
Adriana Vasconcelos e Flávio Freire

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, aproveita o racha entre os aliados da base lulista na Bahia e desembarca hoje em Salvador, na primeira viagem de sua pré-campanha. O tucano foi convencido pelos aliados que não poderia ficar parado até semana que vem, quando iniciaria suas viagens pelo país, com a passagem simbólica por Minas ao lado de Aécio Neves.

Hoje, ele andará por Salvador e amanhã visitará Alagoas.

A estratégia da oposição é que Serra aproveite o bom momento provocado pela reviravolta na Bahia. O senador César Borges (PR-BA) rompeu as negociações para compor a chapa à reeleição do governador Jaques Wagner (PT) e anunciou apoio ao pré-candidato do PMDB, Geddel Vieira Lima.

Os aliados de Serra avaliam que Wagner perdeu a chance de eleição no primeiro turno, pois terá que enfrentar duas chapas fortes: a de Geddel, e a do ex-governador Paulo Souto (DEM), que aparece em segundo lugar nas pesquisas, aliado ao PSDB.

Isso sem contar o candidato do PV, Luiz Bassuma.

Serra visitará hoje o Hospital Irmã Dulce, andará pelo Mercado Modelo e depois participará do programa de rádio de Mário Kertesz. Amanhã, desembarca em Alagoas, governado pelo tucano Teotônio Vilela.

Ontem, César Borges e o presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), selaram simbolicamente o acordo da Bahia, no gabinete da presidência do PMDB em Brasília, junto com Michel Temer e Geddel. Eles reafirmaram compromisso com Dilma, embora os aliados de Serra alimentem expectativa de que a chapa Geddel/Borges possa dar palanque ao tucano na Bahia.

— Sou originário do carlismo.

Tenho o maior respeito e admiração pelo Serra, mas não é por aí. Estamos alinhados com Dilma — disse Borges, sem esconder a mágoa com o PT da Bahia. — Achavam que iam me deixar rendido, isolado, fraco para negociar. Muitas vezes, a pessoa fica escolhendo muito a roupa que vai vestir. Quando escolhe, já perdeu o avião.

Geddel rebateu com veemência especulações de que poderia abandonar Dilma.

— Tenho amizade com José Serra. Mas a minha candidata é Dilma. O resto é especulação, tititi, sonhos e devaneios. Não vou receber o Serra em Salvador.

Em entrevista à Rádio Jornal, de Pernambuco, Serra disse que, se for eleito, não acabará com o Bolsa Família. Afirmou que vai manter e fortalecer o programa, um dos carros-chefe da campanha de Dilma: — Não só vai ser mantido, como vamos procurar fortalecer. E procurar abrir oportunidades para os jovens das famílias que recebem o Bolsa Família.

Em São Paulo, o comando da campanha de Serra reuniu-se ontem para discutir a criação de uma frente parlamentar com agenda e discurso afinados em torno da candidatura tucana.

Em reunião convocada pela equipe de comunicação da pré-campanha, líderes do PSDB, do DEM e do PPS decidiram que vão estabelecer uma ação coordenada entre as direções dos partidos, deputados e senadores, para que todos “falem a mesma língua” na campanha.

O próprio Serra foi quem pediu para o partido assumir um “discurso único”: — Todos nós, no conjunto dos parlamentares, devemos ajustar nossos discursos para que seja um só. Há muito tempo que o Serra pede uma ação mais articulada no Senado e na Câmara. Ninguém vai ver mais essa coisa de cada um pensando uma coisa diferente do outro, como aconteceu em 2006 — disse o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), referindo-se à campanha de Geraldo Alckmin.

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