Palácio defende vinculação com área social, mas grupo de petistas aposta na imagem de gestora da presidente
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff tem sido estimulada a criar uma marca forte do seu governo a partir deste ano para ter uma identidade própria que a diferencie da imagem de governo social, já conquistada pelo ex-presidente Lula. Com a gestão ofuscada em 2011 pelo "marketing da faxina", a ordem é tentar firmar uma imagem de gestora capaz para os próximos três anos.
Mas é nesse ponto que começam as divergências: enquanto o marketing palaciano tem batido na tecla do Brasil Sem Miséria, focando nas ações sociais, um grupo próximo da presidente - inclusive Lula - propõe que ela recupere rapidamente o carimbo de uma grande gestora. A avaliação desse grupo é que a marca do social já foi conquistada por Lula, e não adianta querer competir nesse campo.
Para esse grupo, uma marca na mesma linha do carimbo de "mãe do PAC", que marcou a campanha presidencial, seria mais eficaz do que o rótulo de "mãe dos pobres". Portanto, o desafio de Dilma seria apontar soluções para os principais problemas de infraestrutura, turbinando o PAC e obras estruturantes para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
- A marca Brasil Sem Miséria é tão vazia como foi o Fome Zero. O governo Dilma tinha que apostar numa marca própria. O culto da esmola está esgotado. Tem pouco pobre para tirar da rua, depois do que o Lula já fez. Dilma tem que encontrar sua própria personalidade em cima da gestão, que é o seu forte - diz um interlocutor palaciano.
Internamente, o maior defensor da ideia de investir no marketing social é o publicitário João Santana, responsável pela campanha presidencial de 2010. Foi dele a ideia do slogan Brasil Sem Miséria.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) defende que a preocupação principal do governo Dilma deve ser com a economia e geração de empregos. Ele frisa que o grande desafio da presidente será manter e até ampliar o número de mais de 30 milhões de brasileiros que ingressaram na classe média no governo Lula.
- A gestão precisa ser a marca preponderante para enfrentar a crise econômica. O grande desafio será manter os empregos nesse momento. Ao agir como gestora e se mostrar preparada para este momento, Dilma já estará agindo pelo social - diz Lindbergh.
A avaliação mais comum no PT é que, dificilmente, o mandato de Dilma poderia superar o legado da era Lula na área social. Por isso, a preocupação petista com o foco na gestão de obras de infraestrutura para que Dilma se consolide nos próximos três anos. Além das restrições fiscais - com o contingenciamento do Orçamento da União de 2012 podendo chegar aos R$60 bilhões - há outro problema: a necessidade da faxina de 2011 paralisou os ministérios atingidos como Transportes, Turismo e Esporte. Agora, Dilma terá que fazer algo direcionado para deslanchar o PAC 2.
- A presidente Dilma tem que deixar como marca o aprofundamento do salto de desenvolvimento - diz o líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP).
FONTE: O GLOBO
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