Natuza Nery, Leandro Colon e José Ernesto Credendio
Intenção é evitar atrito com legenda aliada, considerada alternativa ao peso do PMDB na coalizão governista
Governo vê campanha para derrubar Fernando Bezerra, que privilegiou o filho deputado na liberação de verbas
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto vai trabalhar para preservar o ministro Fernando Bezerra (Integração), como forma de não ampliar o saldo de ministros que deixaram o governo Dilma Rousseff ¬-sete até agora.
A orientação para blindá-lo tem dois pressupostos.
A tentativa de resistir ao que é considerado pelo governo como uma campanha para derrubá-lo, às vésperas da reforma ministerial, e o temor do desgaste com o PSB, partido do ministro.
Cogita-se que, no limite, a troca empurraria o partido, comandado pelo governador Eduardo Campos (PE), para fora da coalizão de Dilma.
A oposição pediu explicações sobre reportagem da Folha publicada ontem dando conta de que o filho de Bezerra, o deputado federal Fernando Coelho (PSB-PE), foi o campeão de emendas liberadas pela Integração em 2011.
"Isso não é normal. Ocorreu um privilégio e isso tem de ser explicado. Como o Congresso vai reagir?", disse o presidente do DEM, o senador José Agripino (RN). O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), divulgou nota no mesmo sentido.
Pernambuco, base política do ministro, também foi o Estado que mais recebeu verba da Integração para o programa de prevenção de enchentes em 2011.
Por enquanto, porém, diversos dirigentes oposicionistas têm agido de forma protocolar. Nas crises que derrubaram ministros no ano passado, o discurso era sempre pela demissão sumária.
Por trás dessa cautela inicial está o desejo de alimentar as tradicionais divergências entre PT e PSB.
Petistas temem que Eduardo Campos seja candidato à Presidência da República já em 2014. Por isso, não querem fortalecê-lo com cargos nem volumosos repasses.
Trata-se, portanto, de um terreno espinhoso para Dilma. Isso porque o PSB, apesar das pretensões nacionais, tem se colocado como alternativa de poder no Congresso, o que a deixa menos refém do PMDB, hoje a maior força aliada ao PT.
A influência do PSB aumentou depois que Campos selou uma aliança com o PSD de Gilberto Kassab.
Na linha de mover esforços na defesa de Bezerra, Dilma ordenou que Miriam Belchior (Planejamento), procurasse jornais para afirmar que o colega não havia privilegiado Pernambuco em verbas de prevenção às chuvas.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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