segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Reino Unido celebra bicentenário do escritor Charles Dickens

Rodrigo Russo

LONDRES - O Reino Unido celebrou na última terça-feira, dia 7, o bicentenário de Charles Dickens (1812-1870), novelista que retratou as transformações sociais da era industrial e que descreveu a vida na maior metrópole da época, a cidade de Londres.

Portsmouth, onde o autor nasceu, teve festas de rua. Londres, onde passou a maior parte da vida, teve cerimônias na abadia de Westminster, onde Dickens foi enterrado, e na catedral de Southwark.

Uma das casas em que morou, a única remanescente, na região central de Londres, hoje abriga o Museu Charles Dickens, que recebeu a visita do príncipe Charles e de sua mulher no dia 7.

O autor também é tema de uma exposição no Museu de Londres, que leva o título "Dickens e Londres" e fica em cartaz até o mês de junho.

Ali, o visitante poderá contemplar manuscritos originais de obras como "David Copperfield" e "Grandes Esperanças" ou a primeira edição de "Um Conto de Natal", cujo protagonista, o ranzinza Ebenezer Scrooge, foi eleito o personagem mais popular de Dickens por uma pesquisa da editora Penguin.

Objetos da época, mapas e telas relacionadas ou inspiradas em suas obras completam a exposição.

Ao fim das cinco galerias, é exibido um curta-metragem sobre a vida à noite em Londres, uma homenagem ao notívago Dickens, que, insone, tinha o hábito de caminhar pelas ruas da cidade durante as madrugadas.

Trajetória

Jornalista no início da carreira, soube retratar em seus livros os diversos dialetos e sotaques que faziam parte da sociedade vitoriana, além de mostrar suas injustiças.
Ele tinha conhecimento de causa para tanto: aos 12 anos, com o pai preso por conta de dívidas, começou a trabalhar em uma fábrica de graxa para sapatos, local escuro e de condições degradantes.

A compaixão pelos pobres se tornou uma das marcas de seu trabalho. Para o príncipe Charles, em comunicado oficial, "apesar dos muitos anos que se passaram, Dickens segue um dos maiores autores de língua inglesa, alguém que usou seu gênio criativo para advogar apaixonadamente por justiça social".

Claire Tomalin, autora da biografia "Charles Dickens - Uma Vida", publicada no fim do ano passado, escreveu no jornal "Guardian" uma carta celebrando o aniversário.

No texto dirigido ao escritor, Tomalin especula sobre como ele reagiria às mudanças tecnológicas do século 21 e diz que a desigualdade por ele retratada permanece.

"Você veria o mesmo abismo entre os ricos, tranquilamente aproveitando seu dinheiro e poder, e os pobres, dependendo da comida descartada pelos mercados, de doações e temendo por seus empregos."

FONTE: ILUSTRDA/FOLHA DE S. PAULO

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