Direção do PSB não abre mão da presença formal do PSDB na aliança encabeçada pelo prefeito Marcio Lacerda, contrariando o PT. Socialistas dizem que o importante é o programa de governo
Bertha Maakaroun
A recomendação do PT ao PSB para que os tucanos sejam vetados na coligação em torno da reeleição de Marcio Lacerda (PSB) na disputa à Prefeitura de Belo Horizonte não será atendida. O PSB considera irreversível a aliança formal com o PSDB. "O que nós temos de concreto é que essa aliança está funcionando muito bem na prefeitura. Você tem aqui o secretário de Obras do PT e o secretário de Saúde do PSDB que trabalharam de forma harmônica nesse projeto. O projeto está de pé. Aqui dentro não há nenhum acirramento de ambos", afirmou ontem Marcio Lacerda.
Na mesma linha de argumentação, os vereadores socialistas e o presidente municipal da legenda declararam ontem que não abrem mão da presença dos dois partidos na coligação. "Desde o final do ano passado temos manifestado que fazemos questão absoluta de ter o PT e o PSDB na coligação. Ao PT caberia a indicação do vice da chapa e o PSDB participaria formalmente desta vez", considerou João Marcos, presidente municipal do PSB.
Evitando falar em "veto" a partidos, o vereador Alexandre Gomes (PSB) saiu pela tangente. "O grande problema não é vetar um ou outro partido. A preocupação tem de ser não de quem vai governar, mas como a cidade será governada", assinalou Gomes. Segundo ele, Marcio Lacerda tem cumprido o seu programa de governo não só com a participação do PT, mas sobretudo em atenção aos programas que o partido determinou. "Muitas das críticas que o PT tem feito ao governo Lacerda, atribuindo ao PSDB a responsabilidade, são em áreas encabeçadas por petistas. O segmento da educação e a área social do governo são exemplos disso", afirmou o vereador.
Para Alexandre Gomes, o mais importante é que o PT discuta os pontos programáticos que deseja incluir na plataforma de Lacerda. "O PT tem de ficar preocupado em criar com o PSB um programa de governo que dê continuidade ao que está sendo feito", disse. "O PSDB já foi convidado a ingressar a aliança no ano passado. Seria deselegante a executiva do partido ou mesmo o prefeito desconvidá-lo", acrescentou Alexandre Gomes.
Opinião semelhante manifestou o vereador Fábio Caldeira (PSB). "Acho muito rico e interessante o processo de deliberação no PT, um processo democrático. Mas o próprio Eduardo Campos (presidente nacional do PSB) fez o convite ao PSDB para participar formalmente da aliança", sustentou Caldeira. Para o vereador, o PT aprovou uma "recomendação" ao PSB, e não um veto aos tucanos. "Essa recomendação não suscitará nenhum tipo de questionamento em outras instâncias diante do fato consumado que é a presença do PSDB na coligação. Essa questão precisa ser sacramentada logo, porque precisamos iniciar a conversa com os partidos da aliança para a construção do programa de governo", assinalou Caldeira.
Desejo
Não apenas reivindicada por petistas, mas também por tucanos, a coligação com o PSB para a eleição à Câmara Municipal não é desejada pelos socialistas, principalmente pelos próprios vereadores, que serão beneficiados pelo voto de legenda com a candidatura majoritária de Marcio Lacerda. "Já há decisão do Congresso Municipal do PSB contra a coligação proporcional", afirmou Fábio Caldeira.
Menos contundente, o presidente municipal do PSB, João Marcos, abriu a possibilidade de interlocução sobre a coligação proporcional, para sugerir em seguida que ela não é desejada por seu partido. "Vamos ter de sentar e conversar. Mas não apenas o PT e o PSDB, todos os outros da coligação manifestaram interesse em se coligar para vereador com o PSB, como o PDT, o PMN e o PR. Agora, tem que ser bom para os dois lados", desconversou João Marcos.
FONTE: ESTADO DE MINAS
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