Gabriel Mascarenhas, Paulo de Tarso Lyra
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira se reunirá amanhã e voltará as atenções para o empresário Fernando Cavendish, ex-proprietário da Delta Construções, que teria como sócio oculto o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O colegiado pretende votar a convocação e a quebra dos sigilos de Cavendish, conforme acertado entre o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e integrantes da CPI, na semana passada.
O movimento na direção de Cavendish interessa principalmente a oposição, que enxerga no depoimento do empresário a possibilidade de empurrar o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para o centro das apurações. Cabral já afirmou publicamente ser amigo de longa data do ex-dono da Delta, que mantém contratos milionários com o governo fluminense.
Além de trazer Cabral para o foco da CPI do Cachoeira, a quebra de sigilos da Delta aparece como uma chance de a oposição escapar da blindagem da maioria governista na comissão.
"Nós vamos destacar nossos melhores assessores para analisar os sigilos da Delta", afirma o deputado Ônyx Lorenzoni (DEM-RS).
Outro assunto que deve ser destacado na reunião de amanhã é referente à atuação de Luiz Antônio Pagot, ex-superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), órgão do governo federal com quem a Delta assinou contratos.
"A presença do Cavendish na CPI está nas mãos do presidente, que já se comprometeu em colocar o requerimento de convocação para ser votado. E vamos trabalhar para incluir o Pagot entre os convidados a comparecer, como testemunha.
Ele está entre a Delta e Cachoeira e diz ter sido demitido por pressão do bicheiro", argumentou o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).
Outras empresas
A oposição também promete abrir ofensiva contra empresas ligadas à Delta. O senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) defende que, antes de Cavendish ser ouvido, sejam quebrados os sigilos de companhias que receberam dinheiro da construtora. "Essas informações serão elementos preciosos, que poderão nos dar condições de fazermos uma oitiva mais contundente com o dono da Delta. Se a base aliada tentar blindar o Cavendish ou quem quer que seja, usaremos a mesma estratégia adotada até aqui: colocar as informações para a opinião pública, que exercerá pressão a favor do depoimentos do suspeito", adiantou Randolfe.
A sessão desta terça-feira será a única da CPI marcada para esta semana, devido ao feriado de Corpus Christi. Os trabalhos serão retomados a partir do próximo dia 12.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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