Isadora Peron
Com dificuldades para conseguir as mais de 500 mil assinaturas necessárias para criar um partido que possa disputar as eleições de 2014, o grupo capitaneado pela ex-senadora Marina Silva resolveu profissionalizar o processo e contratar pessoas para fazer esse trabalho. Até agora, as assinaturas estavam sendo recolhidas apenas por voluntários.
"A ideia é colocar essas pessoas contratadas nas ruas já a partir da semana que vem. A combinação desses dois atores, com a preponderância do voluntariado, é que vai produzir o resultado que esperamos", afirmou Cassio Martinho, um dos porta-vozes da Rede Sustentabilidade.
Para bancar esse custo extra com a contratação de pessoal, serão realizados eventos para arrecadar fundos. O primeiro deles vai ser um café da manhã, em São Paulo, na próxima quinta-feira. No dia seguinte, em Brasília, haverá um jantar. Os convites estão sendo vendidos a R$ 100. O local escolhido, um restaurante na asa norte da capital federal, tem capacidade para aproximadamente 300 pessoas.
O sentimento entre os fundadores da sigla, que foi lançada no dia 16 de fevereiro, é o de ser necessário acelerar o processo de coleta para que a Rede saia do papel dentro dos prazos legais. A Justiça Eleitoral estabelece que todas as assinaturas sejam encaminhadas e analisadas pelo Tribunal Superior Eleitoral até um ano antes das eleições, o que, no calendário eleitoral, significa a data limite de 4 de outubro.
“Os nossos mobilizadores e companheiros ativistas precisam ficar espertos, acordar, ter senso de urgência, dar um grau a mais no esforço de mobilização”, afirmou Martinho.
Segundo ele, além de intensificar o número de mutirões para a coleta de assinaturas, novas estratégias estão sendo elaboradas para alcançar a meta. No próximo fim de semana, os 6 mil voluntários cadastrados no site da Rede foram convocados a entregar, cada um, 30 assinaturas nos postos de coletas dos seus respectivos Estados. Com isso, o movimento pretende garantir 180 mil assinaturas de uma só vez.
Metáfora. Martinho, no entanto, diz considerar natural que a coleta de assinaturas ainda não tenha “engrenado” e compara o processo com a aceleração de um carro: “Um amigo usa uma metáfora que eu gosto muito para esse caso. É como um carro que começa um processo de aceleração lento e com marchas diferenciadas conforme cada estágio. Primeiro você passa a primeira, depois a segunda, até o carro atingir uma velocidade de cruzeiro. Por isso que se você fizer uma análise a partir da velocidade de um carro, você percebe que, neste momento, nós estamos mais lentos, o que é natural. O que a gente precisa conseguir é dar um empurrão na velocidade neste mês de abril”.
O deputado Walter Feldman (PSDB-SP), que já anunciou a sua migração para a Rede, também fala na necessidade de acelerar o processo, mas afirma que não há um temor de que o partido não consiga ser oficializado.
Mutirões. Nas últimas semanas, a própria Marina tem usado a sua popularidade para ir às ruas e pedir apoio para a criação do seu novo partido. A ex-ministra do Meio Ambiente conquistou quase 20 milhões de votos nas eleições presidenciais de 2010, mas nega que esteja criando o partido somente para se candidatar no ano que vem.
Há duas semanas, em São Paulo, ela participou de três eventos num mesmo dia, com direito a posar para fotos com os eleitores e tomar suco nas barracas dos dois mercados municipais que visitou. Além da capital paulista, a ex-senadora já participou de eventos no Rio, Belém, Manaus e Rio Branco.
A Rede ainda não fez um balanço oficial de quantas fichas de apoio já conseguiu. Segundo Martinho, esse número será divulgado em dez dias, já contabilizando os resultados dessa militância profissional que será contratada. A última vez que Marina falou sobre o assunto, na semana passada, disse que a sigla contava com 100 mil assinaturas.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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