• Prisão de Renato Duque integra sétima etapa da investigação, que cumpre 85 mandados em cinco Estados e no DF; 11 empreiteiras são alvos de buscas
Andreza Matais, Fábio Fabrini e Fausto Macedo - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Em nova fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira, 14, o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque. É a sétima etapa da operação que investiga um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar R$ 10 bilhões. A PF também prendeu executivos e faz busca e apreensão em cerca de cinco das maiores empreiteiras do País, o braço financeiro do esquema de corrupção na estatal.
As empreiteiras repassariam propina a agentes públicos para conseguir contratos na petroleira. Duque seria o interlocutor do PT na Petrobrás. A diretoria de Serviços, comandada por ele entre 2003 e 2012, repassaria porcentuais dos contratos assinados para o partido. Em documento recente elaborado pela própria Petrobrás, a estatal apontou que a diretoria coordenada por Duque foi a responsável pelas 12 licitações da obra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Na sétima fase da operação, a PF decretou o bloqueio de cerca de R$ 720 milhões em bens pertencentes a 36 investigados. Três empresas de um dos operadores do esquema tiveram suas contas bloqueadas.
Ao todo, 300 policiais com apoio de 50 servidores da Receita Federal cumprem 85 mandados judiciais. Seis deles são de prisão preventiva, 21 de prisão temporária, nove de condução coercitiva e 49 de busca e apreensão. Entre os mandados de busca, 11 são cumpridos em grandes empresas. A operação é executada nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, além do Distrito Federal.
A PF cumpre ordens de prisão e condução coercitiva contra os principais executivos das maiores empreiteiras do País, entre elas a Camargo Correa. Viaturas da PF foram vistas na sede da empresa nesta manhã em São Paulo. As buscas são feitas também nas residências dos executivos da direção das empreiteiras, entre eles a do vice-presidente da Camargo Correa e de um diretor. São alvo da operação também as construtoras OAS, UTC Constran e Odebrecht.
O empresário Ricardo Pessoa, número 1 da UTC Participações, foi conduzido pela Polícia Federal. A Lava Jato identificou estreito relacionamento de Pessoa com o doleiro Alberto Youssef, preso também na Lava Jato, em março. A PF suspeita que Youssef era sócio oculto de Pessoa.
A UTC executou algumas das maiores obras da área petroquímica do País, como o pólo de Camaçari, além de Angra 2 e as hidrelétricas de Tucuruí, Xingu e Itaipu.
De acordo com a Polícia Federal, os envolvidos vão responder pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.
Lava Jato. A operação foi deflagrada em 17 de março, inicialmente com a prisão de 24 pessoas, entre elas o doleiro Alberto Youssef, sob acusação de ser o articulador do esquema de lavagem de dinheiro. Três dias depois, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa também foi preso. A polícia suspeitava que contratos da estatal estavam envolvidos no esquema, entre eles o da construção da refinaria Abreu e Lima.
Em abril, 46 investigados na Lava Jato foram indiciados. Em depoimentos à PF e à Justiça Federal no Paraná, onde corre o processo, Costa chegou a afirmar que fazia pagamentos de propina a integrantes de partidos políticos, entre eles PP, PMDB, PT e PSDB.
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