• Presidente afastada avalia ida ao plenário do Senado no julgamento
Eduardo Bresciani, Catarina Alencastro - O Globo
-BRASÍLIA- A presidente afastada, Dilma Rousseff, não prestará depoimento hoje à comissão do impeachment e será representada por seu advogado, o ex-ministro José Eduardo Cardozo. A decisão foi comunicada ao colegiado antes da sessão de ontem, em que foram ouvidos peritos, e anunciada pela própria Dilma em entrevista à “Rádio Folha de Pernambuco”. Os principais trechos foram publicados na conta de Dilma no Twitter.
— A minha defesa amanhã será feita por escrito e lida pelo meu advogado. Estamos avaliando a minha ida ao plenário do Senado, em outro momento — disse ela, que chamou o processo de impeachment de “fraude”.
Cardozo destacou que a manifestação será lida em nome da presidente afastada, o que tem efeito similar à presença. Segundo a comissão, não serão permitidos questionamentos. O ex-ministro explicou que o motivo da ausência é a possibilidade de Dilma ir ao plenário do Senado no julgamento final. Na avaliação de Cardozo, seria um lugar mais adequado.
— Nós entendemos que ela deve comparecer, se for o caso, em plenário. É o lugar para que os presidentes da República compareçam — disse Cardozo.
Ele refutou que Dilma queira evitar constrangimentos:
— Se há uma questão que a presidente da República não tem é medo. É apenas uma avaliação e uma sugestão da defesa. Há momentos em que se tem que avaliar qual a melhor estratégia — afirmou.
O julgamento final da presidente, em que ela terá nova possibilidade de se defender pessoalmente, deverá ocorrer depois da Olimpíada do Rio, que acontecerá de 5 a 21 de agosto.
Comissão ouve peritos
A comissão do impeachment ouviu ontem os técnicos do Senado responsáveis pela perícia. Eles reafirmaram o entendimento de que houve ilegalidade tanto nos decretos de crédito suplementar quanto nas pedaladas, ressaltando não terem identificado ato direto da presidente no segundo caso. Os peritos ressaltaram que não analisaram se houve dolo de Dilma, uma vez que essa decisão caberá aos senadores, responsáveis por determinar se houve crime de responsabilidade.
Ao longo dos debates, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) se exaltou. Chamou de “escroque” o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e disse que o presidente interino, Michel Temer, estaria usando parte do déficit fiscal de 2015 para garantir o afastamento definitivo de Dilma.
— A presidente fez uma pedalada para ganhar a eleição, e hoje estamos vendo uma fraude de R$ 170 bilhões, que todos os economistas no Brasil já comentam, sendo que R$ 50 bilhões foram para garantir a aprovação do impeachment. Acho que é muito feio partirmos para essas acusações — disse Kátia, que é correligionária de Temer e foi ministra de Dilma.
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