domingo, 1 de abril de 2018

Entrevista: A cabeça de Marcelo Calero

A visibilidade alcançada com as acusações contra o governo Temer faz com que seja alçado ao posto de principal candidato do PPS, no Rio, a uma vaga na Câmara dos Deputados

Por Paulo Capelli | O Dia

RIO - Ex-ministro da Cultura do presidente Michel Temer (MDB), Marcelo Calero não chegou a completar seis meses na esplanada. Em novembro de 2016, pediu demissão. Acusou o então secretário de Governo, Geddel Vieira Lima, de pressioná-lo a produzir um parecer técnico para obter vantagens pessoais. O episódio culminou com o pedido de demissão de Geddel. "Só a minha família e eu sabemos o que passamos ao enfrentar aquela quadrilha", diz Calero, diplomata licenciado do Itamaraty. A visibilidade alcançada com as acusações contra o governo Temer faz com que seja alçado ao posto de principal candidato do PPS, no Rio, a uma vaga na Câmara dos Deputados.

• O DIA: Desde 2010, quando se candidatou a deputado federal pelo PSDB, o senhor não concorria a nenhum cargo eletivo. O que o trouxe de volta à política?
Marcelo Calero (PPS): Eu me deparei com o que há de pior na política brasileira, sabe? No meu caso, tinha nome e sobrenome. Aliás, muitos nomes e muitos sobrenomes. São pessoas que me revelaram de maneira nua e crua, na minha frente, o que significa a política brasileira na atualidade...

• (Interrompo) Quando diz nome e sobrenome, o senhor se refere ao presidente Michel Temer?
Michel Temer, Geddel Vieira Lima e todos os envolvidos naquele episódio. É só pegar o meu depoimento à Polícia Federal. Estão todos lá.

• Então foi a decepção pela qual o senhor passou, quando ministro de Temer, que o motivou a voltar ao front político?
Isso. Em uma situação como essa, você tem dois caminhos. Ou você esquece e tenta viver a sua vida para se recuperar do trauma porque foi um trauma para mim e para a minha família, só a gente sabe o que passou ao enfrentar essa quadrilha ou então você parte para cima e entende que tem que ser um agente dessa mudança. É uma convocação que a gente tem que fazer para todo mundo. A política tem que estar no nosso cotidiano.

• O senhor sofreu ameaças durante o embate com Temer? De que forma elas ocorreram?
Isso está sob investigação do Supremo Tribunal Federal. Prefiro não falar sobre o assunto.

• O senhor já disputou eleição pelo PSDB, foi secretário de Cultura do ex-prefeito Eduardo Paes (MDB) e angariou a simpatia da esquerda ao fazer denúncias contra o governo Temer. Agora, está no PPS, que nos últimos tempos tem se aliado a partidos de direita e de centro. Qual o campo político do Marcelo Calero?

Acho que um dos grandes desafios na renovação política é sair desses rótulos: esquerda e direita. Acho que o que a sociedade quer, mais que tudo, é um compromisso inegociável com a ética e a prevalência do interesse público.

• Mas cores políticas existem. O PPS tem caminhado com partidos de direita...
Eu acho que o PPS se posiciona como um partido de centro. E se eu tivesse que me colocar em algum desses espectros, eu diria que sou uma pessoa de centro porque penso no estado eficiente, na necessidade urgente de combatermos a desigualdade social.

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