terça-feira, 3 de setembro de 2019

Ranier Bragon – Jair, o Fake

- Folha de S. Paulo

Só 19% dizem confiar plenamente naquilo que é dito pelo atual chefe do Executivo

Alexandre, o Grande. Ivan, o Terrível. Pepino, o Breve. Dona Maria, a Louca... Cada um entra para a história com o epíteto que merece. A mais recente pesquisa do Datafolha mostra que, por ora, o presidente do Brasil pode se apresentar aos comensais como Jair, o Fake.

O Datafolha é o instituto de pesquisas do Grupo Folha. Criado em 1983, traz no currículo um notável histórico de credibilidade e rigor técnico.

Não na visão, porém, dos que acordaram anteontem para a vida e estudaram, em vídeo, nas melhores academias olavistas espalhadas por este mundão grande e plano.

Também guardam o instituto em baixa conta escova-botas de variados matizes, gente que inclina colunas por essas terras possivelmente desde que os primeiros petistas desembarcaram das caravelas de Cabral com suas mamadeiras de piroca.

Nesta segunda (2), de seus gabinetes e até em redações de rádio e TV, se estapearam para gritar mais alto nas redes sociais contra o Datafolha.

Entre eles o ministro da Educação. Sua pasta figura como uma das mais aparvalhadas do governo, cortou bolsas de pesquisa e está no mais absoluto deus nos acuda, mas Abraham Weintraub demonstra aborrecimento, mesmo, é com o Datafolha.

Segundo escreveu com seu reconhecido zelo pela língua pátria, acreditar no instituto é como acreditar no "Boi Tatá" —reconheça-se que há aí, pelo menos, uma dica ao leitor de nome para o seu bovino de estimação: “Muito prazer, sou Tatá, o Boi”.

De fato, o governo completou simbólicos 17% do tempo de mandato com emprego a mil, economia decolando, saúde de excelência, meio ambiente dando lições ao mundo, ganhos sociais a torto e a direito.

De onde o Datafolha tira esses detestáveis números, então? Reprovação recorde, rejeição às ideias e declarações e o troféu lero-lero: só 2 em cada 10 brasileiros dizem confiar no que diz o mandatário do país. Um merecido tributo a quem embalou a carreira na mentira, na baboseira e na mais espalhafatosa falta de conhecimento de que se tem notícia.

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