Bolsonaro
é obcecado por garimpo, agropecuária e hidrelétricas em terras indígenas
A
nova configuração de poder no Congresso é a mais favorável em tempos recentes à
agenda do "correntão", que pretende legalizar crimes já em curso na
Amazônia, como grilagem de terras, desmatamento e garimpo em áreas indígenas.
Bolsonaro
terá em Arthur Lira, experiente colecionador de infrações ao Código Penal, um
parceiro à altura para conduzir a pauta da pilhagem. Em sua campanha à
presidência da Câmara, o líder do centrão serviu-se de jatinho da Rico Táxi
Aéreo, de Manaus. Em seu site, consta que a Rico cresceu no setor de transporte
com "pequenas aeronaves que serviam ao garimpo na região". A mesma
empresa doou R$ 200 mil à campanha de Lira a deputado, em 2014.
Uma das maiores obsessões de Bolsonaro é o projeto que libera mineração, garimpo, agropecuária, construção de hidrelétricas e extração de petróleo e gás em terra indígena. O projeto trata os povos nativos com a mesma lógica do colonizador europeu: dividir para governar. Estimula conflitos em torno da repartição de poder e do dinheiro das indenizações que vierem a receber.
Na
essência, é um projeto etnocida. Os cupins da manipulação política e econômica
têm o potencial de desestruturar essas sociedades por dentro. É também genocida
porque os povos terão, forçosamente, contato com todas as desgraças levadas
pelos invasores: doenças, drogas, violência. E alguém acredita que os órgãos de
fiscalização terão condições de agir nos confins da Amazônia se não foram
sequer capazes de monitorar barragens em Minas Gerais ?
O
projeto viola o preceito constitucional de respeito à integridade das terras
"tradicionalmente" ocupadas pelos indígenas, criado durante a
Constituinte em árduo processo de negociação entre a direita e a esquerda. Pela
direita, pasme, o negociador foi o então senador Jarbas Passarinho, ex-ministro
da ditadura. Mas aqueles eram tempos de diálogo e de gestação de um pacto para
a reconstrução do país.
Hoje, estamos diante da destruição desse pacto e da ruína civilizatória.
Nenhum comentário:
Postar um comentário