Houve
uma mudança significativa no quadro político. O atual governo foi produto de
uma eleição disruptiva ocorrida sobre o signo de uma “nova política”. A partir
daí, tivemos, em 2019, a ruptura com o modelo de presidencialismo de coalizão,
predominante desde o nascimento da Nova República em 1985. Houve uma aposta num
verdadeiro presidencialismo de confrontação, quando o ambiente institucional
sofreu grande deterioração.
Em
2020, com a pandemia e os naturais problemas de governabilidade, foi operada
uma correção de rota, com o governo se aproximando do chamado “Centrão”, antes
tão criticado como expressão máxima da “velha política”.
No Senado Federal não haverá grande descontinuidade e as eleições internas não foram tão traumáticas, embora haja diferenças de estilo entre os senadores Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco. Na Câmara, a mudança na correlação de forças foi radical. O “Centrão” se fortaleceu e passa a ser o grande fiador do governo. O centro democrático sofreu um abalo profundo com as divisões ocorridas no DEM e no PSDB. E a esquerda abriu uma porta de diálogo com o centro, não sofreu perdas significativas, embora a divisão tenha sido grande no PSB, e continuará sua atuação minoritária de oposição, tendendo a radicalizar sua postura.
Afastado
momentaneamente o fantasma de um processo de impeachment contra o presidente da
República, o importante é superar as feridas naturais em um processo eleitoral
interno radicalizado, e retomar o diálogo sobre a agenda que interessa ao país.
No plano sanitário, o centro de gravidade está mais no plano administrativo.
Não há que se inventar a roda. O bordão tem que ser vacinar, vacinar, vacinar,
rapidamente a população.
Mas, na economia e no combate ao agravamento da pobreza, precisamos avançar e muito a agenda legislativa. O movimento UNIDOS PELO BRASIL, coordenado pelo Centro de Liderança Pública (CLP) e congregando 20 instituições de caráter nacional lançou uma interessante proposta baseada em três pilares: retomada do crescimento, combate às desigualdades e crescimento sustentável.
A agenda reformista lista 25 Projetos de Lei e Propostas de Emenda Constitucional prioritários em tramitação no Congresso Nacional, a saber: reforma tributária, lei das contratações temporárias, lei da meritocracia, lei da improbidade administrativa, lei dos privilégios do magistrado, lei do desligamento do servidor, autonomia do Banco Central, extinção do FAT e reformulação do FGTS, lei das debêntures, marco do saneamento, lei do gás, lei da governança da ordenação pública econômica, marco do setor ferroviário, lei dos penduricalhos, PEC emergencial, lei da partilha no petróleo, lei da garantia física das usinas, lei do documento eletrônico, lei do desmatamento zero, lei do licenciamento ambiental, novo marco do setor elétrico, sistema nacional de educação, PEC da renda básica.
Portanto, existe uma bússola na mesa. Existem outras. Mãos à obra, o Brasil tem pressa.
*Marcus
Pestana, ex-deputado federal (PSDB-MG)
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