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O Globo
O
julgamento do dia 14 no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a decisão do
ministro Edson Fachin de encaminhar para a Justiça do Distrito Federal os
processos contra o ex-presidente Lula, anulando suas condenações, o que o
tornou elegível para a eleição presidencial de 2022, promete mais polêmicas.
Retomado o julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro na 2ª Turma do STF, o
ministro Nunes Marques surpreendeu muita gente votando contra a tese, no que
poderia ser um placar de 3 a 2 contra o relator Gilmar Mendes se a ministra
Carmem Lucia não tivesse alterado seu voto, alegando que fatos novos surgiram
desde que votara na primeira sessão a favor de Moro. Nada, além das mensagens
roubadas dos celulares dos procuradores de Curitiba, surgiu no horizonte para justificar
tão brusca mudança de voto.
No dia 14, quando o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar o
recurso da Procuradoria-Geral da República contra a decisão de Fachin, essa
questão será debatida. Foram ou não usadas as mensagens roubadas dos celulares
dos procuradores no julgamento da suspeição de Moro? São provas inválidas ou
não?
Para que Lula saia novamente Ficha Suja, será preciso que o plenário derrote
Fachin, devolvendo os processos para a Vara de Curitiba, restabelecendo as
penas. É possível que isso aconteça, pois vários ministros consideram que não
houve prejuízo a Lula com uma eventual troca de jurisdição, pois os tribunais
TRF-4 e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) também consideraram Lula culpado.
Não havendo prejuízo, os processos voltam para Curitiba.
Outra possibilidade é a maioria considerar que a jurisdição de Curitiba é,
mesmo, o foro natural dos processos de Lula. O próprio Fachin, depois de ter
feito uma manobra arriscada, e perder, na tentativa de neutralizar Gilmar
Mendes na decretação da suspeição de Moro, pode votar contra sua própria
decisão, alegando que, ao aceitar a tese majoritária na 2ª Turma de que
Curitiba não era a sede natural dos processos da Lava-Jato, o fez em nome do
colegiado.
Pessoalmente, porém, sua convicção é de que a jurisdição correta é a 13ª Vara
de Curitiba. Sendo assim, em outro colegiado, se sente liberado para votar de
acordo com sua consciência. Essa reviravolta é mais fácil de acontecer do que
derrubar a suspeição de Moro, pois quatro ministros - Nunes Marques, Carmem
Lucia, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski - já votaram na 2ª Turma pela
continuidade do julgamento, que já havia começado, e bastariam apenas mais dois
votos para que a decisão fosse mantida.
O ex-presidente Lula, nesse caso, continuaria condenado em segunda instância no
processo do sítio de Atibaia, que, prudentemente, a defesa de Lula já está
pedindo que o ministro Gilmar Mendes inclua na suspeição de Sérgio Moro já
aprovada na 2ª Turma, que agora tem ele como relator da Lava-Jato por ter
liderado o voto divergente vencedor.
Dificilmente, porém, o pedido será aceito, pois o próprio Gilmar Mendes fez
questão de anunciar que a decisão só se referia ao processo do triplex do
Guarujá. A ministra Carmem Lucia também acentuou que sua mudança de voto se
dava apenas no âmbito do processos que foi analisado naquele julgamento. A
ampliação da suspeição se daria de maneira mais polêmica ainda, pois estaria
sendo julgada uma decisão da juíza Gabriela Hardt, que foi quem condenou Lula,
pois Sérgio Moro já havia se licenciado da Vara de Curitiba. Mesmo que Moro
tenha iniciado o processo, foi a juíza Hardt quem deu a sentença condenatória.
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