Folha de S. Paulo
Ele tem os seus quatro cavaleiros do
apocalipse
Declaração do secretário-geral da
Presidência, Luís Eduardo Ramos, remeteu-me aos quatro cavaleiros do
apocalipse, citados em textos bíblicos. O general de pijama encrespou-se com os
ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, ex e atual presidente do TSE,
que condenaram ataques ao sistema eletrônico de votação.
Ramos disse que Bolsonaro "está sentado nessa cadeira [da Presidência] por missão de Deus" e que tem recebido críticas "muito duras". Por isso, Ramos afirmou sentir-se no direito de levantar dúvidas sobre a "isenção e imparcialidade de futuros processos".
Não, general, não foi Deus que colocou seu
chefete lá. Foram os votos obtidos por meio do mesmíssimo processo que será
usado nas eleições de 2022. Invocar suspeitas sobre o sistema de votação, sem
provas, é crime. É golpe.
O tom de Ramos contra os ministros é o
mesmo da afronta de Braga Netto contra a CPI da Covid. Na época, o general
abespinhou-se com declaração do presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM),
sobre o "lado podre" da caserna envolvido em "falcatruas"
no Ministério da Saúde, e emitiu nota intimidatória contra os senadores.
Augusto
Aras é o terceiro cavaleiro. Não só pela blindagem a Bolsonaro, mas
pelo empenho em desmoralizar a CPI e a própria PGR. Os senadores identificaram
crimes e provas. Fizeram o que Aras não fez e continua se recusando a fazer:
investigar o massacre de quase 650 mil brasileiros, comandado por Bolsonaro.
Especialista no "dane-se"
generalizado para o país e as instituições, o presidente da Câmara, Arthur
Lira, completa o time. Sentou-se na maior pilha de pedidos de impeachment da
história, comanda a rapina do orçamento secreto e ignora há três meses decisão
do TSE sobre a cassação do mandato de um deputado.
No tal texto bíblico, o quarteto do fim do
mundo é associado a uma sequência de desgraças: peste, fome, guerra e morte.
Metáfora perfeita para o que representam Bolsonaro e seus quatro cavaleiros do
apocalipse.
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