O Estado de S. Paulo
Desde a estreia em Davos, Bolsonaro coleciona fiascos internacionais. E tem mais!
Os norte-americanos não são a polícia do
mundo e nem tudo o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil, mas os
sinais enviados de Washington devem ser levados a sério, até porque não são
isolados, têm eco em países desenvolvidos e democráticos. O presidente Jair
Bolsonaro está isolando, ou isolou, o Brasil no mundo.
Depois de a Reuters divulgar o recado do
chefe da CIA, William Burns, para Bolsonaro parar de desmoralizar o processo
eleitoral brasileiro, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, e a
subsecretária de Estado, Victoria Nuland, manifestaram confiança no Brasil e
defenderam voto livre e democrático. Não foi por acaso.
Também Alemanha, França, Bélgica, Noruega e Argentina, entre outros, veem com apreensão a escalada de Bolsonaro e sua tropa, militar e civil, contra STF, TSE e urna eletrônica, além dos erros na pandemia e os retrocessos em costumes, Amazônia e tudo o mais. Só não vê quem não quer. Ou aprova.
Desde a estreia internacional, em Davos, em
janeiro de 2019, Bolsonaro acumula fiascos. Nem sequer ocupou todo o tempo
disponível para vender o País. Depois, esnobou a COP-26 e passou vergonha no
G-20, ao ignorar o novo líder da Alemanha e falar abobrinhas com o da Turquia.
Sem vacina, comeu pizza em pé na rua, na abertura da ONU.
Bolsonaro chocou paraguaios e chilenos com
loas a ditadores, deixou rolar desaforos de filhos e ministros contra a China e
foi de uma deselegância atroz com a primeira-dama da França e a ex-presidente
do Chile, alta-comissária da ONU para Direitos Humanos. E a foto cortando o
cabelo ao cancelar agenda com o chanceler francês?
É estridente o contraste com o
ex-presidente Lula, recebido com honras na Europa, e Bolsonaro só piora as
coisas. Último líder do G-20 a cumprimentar Joe Biden, ele conseguiu algo
inédito, ou inusual: os presidentes de EUA e Brasil nunca conversaram, em um
ano e meio de Biden.
Bolsonaro foi descartado de novo pelo G7
(maiores economias), mas haverá mais um Fórum de Davos e a Cúpula das Américas
em Los Angeles, uma chance para, enfim, um encontro bilateral com Biden. A
única presença provável, porém, será na reunião virtual dos Brics (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul).
Depois de Bolsonaro levar a Moscou a cúpula
militar e falar em “solidariedade” à Rússia, “neutralidade” no massacre da
Ucrânia e “parceria” com Vladimir Putin, diplomatas estão de cabelo em pé. Não
diplomatas também. O que é pior? Ele não ir e aprofundar o isolamento do Brasil,
quando se redesenha uma nova ordem mundial? Ou ir, falar bobagem e deixar todo mundo,
literalmente, perplexo?
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