Blog do Noblat / Metrópoles
São muitas razões para não votar no
Bolsonaro. Mas, de todas, a razão que parece fundamental “é a vergonha,
gente!”.
Quando se discutia qual tema justificaria o
voto no candidato Bill Clinton, seu assessor e estrategista da campanha, James
Carville ficou famoso por responder: “É a economia, idiota!”. Ele tinha razão. Este
era o tema do momento para atrair os eleitores. Na nossa eleição, em 2022, há
diversas razões para não se votar pela reeleição de Bolsonaro.
“A economia é uma delas, gente!”. Com uma
inflação acima da meta, o o crescimento patinando, o desemprego elevado, não se
vê perspectiva de um novo momento econômico para o país nos próximos anos, com
a continuação do atual governo.
Pode ser também “a democracia, gente!”. O presidente jamais escondeu sua aversão ao regime democrático, seu respeito por ditadores e torturadores. Há meses vem anunciando que não reconhece as instituições e só acredita nas urnas se o resultado for a seu favor. A defesa da democracia é uma forte razão para não votar em Bolsonaro.
Ainda pode ser “a tragédia social, gente!”.
Com 33 milhões de pessoas passando fome e quase 100 milhões com deficiência
nutricional, a tragédia da educação se agravando, a pobreza se ampliando, seria
um suicídio moral manter um presidente sem a menor empatia pelos pobres.
Também pode ser “o desencanto, gente!”, com
um presidente sem liderança, nem competência para mobilizar a população. Podem
ser também as “grosserias do presidente” contra mulheres, gays, índios,
doentes. “A depredação da Amazônia, gente!” “É o genocídio, gente!” Seu
negacionismo ao chamar a epidemia de “gripezinha”, desaconselhando a vacinação
e tentando impedir seu uso, inclusive para crianças.
“São as armas, gente!” O crime
antipatriótico de armar os brasileiros para que se assassinem, criando um clima
de instabilidade que levaremos décadas para superar se ele não for reeleito. “É
a corrupção, gente!”, no MEC, no MS, na Codevasf, nas compras no Exército. “É a
blasfêmia, gente!” de se dizer cristão, como se Jesus fosse armamentista e de
corromper pastores evangélicos com ouro.
Ou “É o futuro, gente!”, condenado pelo
desprezo à ciência, tecnologia, meio ambiente.
São muitas razões para não votar neste
presidente. Mas, de todas, a razão que parece fundamental “é a vergonha,
gente!”. A vergonha que ele nos faz ao agredir pessoas, inclusive chefes de
estado estrangeiros, grupos sociais, inclusive doentes com falta de ar por
causa do covid, ao falar para embaixadores dizendo que nosso Brasil é uma
republiqueta de banana. Vergonha dele ser a cara e o nome que representam o
Brasil no mundo.
É possível que Bolsonaro fique na história
como o pior presidente do Brasil, mas é certo que nenhum até hoje nos fez
passar tanta vergonha no cenário mundial. Esta é a razão maior, no meio de
tantas outras. “É a vergonha, gente!” Não dá para aguentar mais quatro anos com
esta cara e este nome nos representando e falando por nós, no mundo.
*Cristovam Buarque foi senador, ministro e governador
Um comentário:
Vergonha,concordo.
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