Folha de S. Paulo
Por falar demais, presidente atropela
estratégia da diplomacia profissional e cria dificuldades para seu próprio
governo
Relações internacionais são um terreno difícil. Elas são o que de mais perto existe do estado de natureza hobbesiano. Sem um poder central que a todos submeta, cada Estado é mais ou menos livre para agir como quiser com seus homólogos. As principais limitações são a força militar de outros países; acordos internacionais, cuja imposição, porém, é fraca; e, no caso de democracias, a repercussão política que as ações do dirigente possam ter para o público interno.
A resultante disso costuma ser uma política
externa pragmática (interesses) com algum tempero moral. Diplomatas não são nem
padres, que julgam os atos de seus fiéis só por sua dimensão moral, nem
milicianos, que não têm constrangimento em extrair por ameaça ou força o que
desejam de seus clientes. Se não faz sentido para um país deixar de comerciar
com a China porque ela é uma notória violadora de direitos humanos, tampouco dá
para fechar os olhos para todo e qualquer abuso cometido por nação ou governante
amigos.
O Brasil não poderia ter sido o primeiro país
a gritar "fraude" para as fraudes perpetradas por Nicolás
Maduro nas eleições venezuelanas. Não seria verossímil, dadas
as ligações históricas entre Lula e
o chavismo, nem prático. Se Brasília quer conservar alguma capacidade de
influência diante de Caracas,
precisa atuar com sutileza. Não seria vexaminoso para o Itamaraty cobrar
as atas das seções eleitorais antes de caracterizar o pleito como fraudulento.
O problema é que Lula, mais uma vez,
atropelou a diplomacia profissional. Falando de improviso, ele praticamente
"legalizou" a fraude de Maduro. E o petista é reincidente nessa
matéria. Ele também coonestou precipitadamente a reeleição de Ahmadinejad no
Irã em 2009, outro pleito repleto de suspeitas. Pega mal para alguém que foi
eleito para salvar a democracia no Brasil.
Lula faria um favor a si mesmo se conseguisse
segurar a própria língua.
3 comentários:
Quanta ingenuidade desse jornalista ou pode ser má-fé
Lula fala o que pensa, é assim que ele é ele não é uma criança levada falando bobagem, ele é um político macaco velho esperto e sempre diz o que ele vai fazer o que ele pensa Pelo menos tem essa virtude
Ele mente descaradamente mas sempre sinaliza sua intenção
E fica o jornalista e um monte de jornais passando pano
Anônimo é um imbecil. Como alguém que mente sinaliza sua intenção? MAM
Há dois Lulas,para consumo interno e externo.
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