Folha de S. Paulo
Resultado serão mais pobres mortos, mais
mulheres violentadas e mais criminosos com acesso facilitado
Para o Senado, a prioridade absoluta no país
nesta semana foi fazer com que
armas e munições fiquem mais baratas para quem as compra e,
consequentemente, para os criminosos para quem são desviadas. Excluídas do
Imposto Seletivo na reforma tributária, passarão a usufruir de uma
carga tributária reduzida.
Não é porque o governo Bolsonaro tenha acabado que o lobby armamentista terminou, pelo contrário: parlamentares pró-armas continuam acumulando vitórias, diante da apatia da gestão Lula.
A pressão pró-armas é uma pauta sectária: 72%
da população discorda que a sociedade seria mais segura se as pessoas andassem
armadas, segundo Datafolha de 2022; e pesquisa de
2023 revelou que expressivos 48% discordam total ou
parcialmente com o direito a ter armas. A proposta do Senado revela parte da
classe política mais preocupada em baratear armas que custam vários salários
mínimos do que pensar se os brasileiros vão comer todos os dias. A Câmara,
nesta mesma semana, votou por anistiar
armas ilegais.
Por que, afinal, o Congresso Nacional quer
baratear e facilitar o acesso a armas? Ao baratear armas, o Senado quer
que mais mulheres sejam executadas por seus parceiros (43% dos
autores de feminicídio cometidos com armas de fogo em 2022 no Brasil eram
próximos às vítimas). Ao baratear armas, o Senado quer ajudar criminosos a ter
acesso mais fácil a armas e munições (o crime se abastece, em sua maioria, de
artefatos comprados legalmente, mostram os dados de armas apreendidas).
Ao baratear armas, o Senado quer que mais
crianças sejam mortas de forma violenta (arma de fogo foi usada em 3 de cada 10
das mortes de crianças no país entre 2021 e 2023). Ao baratear
armas, o Senado quer que mais pessoas negras sejam mortas (8 a cada 10
homens mortos por arma são negros no país).
Fora da realidade paralela do WhatsApp
bolsonarista financiado por interesses privados armamentistas, o resultado do
barateamento de armas no mundo real é: mais pobres mortos, mais mulheres
violentadas e mais criminosos com acesso a armas.
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