terça-feira, 18 de março de 2025

O BNDES e o mercado financeiro privado – Antonio Corrêa de Lacerda

O Estado de S. Paulo

É salutar observar que mercado privado e fundos públicos têm apresentado expansão de forma complementar

O financiamento é fundamental para impulsionar os investimentos de forma a sustentar o crescimento econômico de longo prazo. É, neste ponto, salutar observar que mercado privado e fundos públicos têm apresentado expansão de forma complementar. Os bancos públicos, especialmente o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), têm cumprido um importante papel nesse sentido, tanto no financiamento e participação na forma de private equity quanto na estruturação de Parcerias PúblicoPrivadas (PPPs) e concessões públicas ao setor privado.

No mercado financeiro privado, as empresas captaram R$ 541 bilhões entre janeiro e setembro de 2024, maior volume da série iniciada em 2012, e 15,9% superior ao período homólogo de 2023. As emissões de debêntures chegaram a R$ 325,6 bilhões, especialmente em infraestrutura e gestão ordinária. A distribuição por setores aponta para energia elétrica com 23,5%, transporte e logística com 16,5%, e saneamento com 8,6%.

Essa expansão ocorreu concomitantemente ao retorno do BNDES como fomentador da infraestrutura, indústria e serviços. Mais uma evidência de que o BNDES não compete, ao contrário, incentiva o desenvolvimento do mercado de capitais.

Nos primeiros nove meses de 2024, as consultas ao BNDES somaram R$ 258,9 bilhões, o que significou uma ampliação de 30%, comparativamente ao período homólogo de 2023, e 153% maior em relação a 2022. Os desembolsos no mesmo período atingiram R$ 87 bilhões, crescimento de 15% sobre 2023 e de 38% em comparação a 2022.

A inadimplência é próxima de zero, em razão dos rígidos padrões de exigências de garantias seguidos nas operações. O banco tem sido considerado pelo segundo ano consecutivo o ente estatal mais transparente, pelos órgãos de controle Tribunal de Contas da União (TCU) e AdvocaciaGeral da União (AGU).

Da mesma forma, as aprovações de crédito, importante sinalizador de futuros desembolsos, apresentaram crescimento em todos os setores, atingindo R$ 137,4 bilhões, um desempenho 39% maior comparativamente ao mesmo período de 2023 e 108% maior sobre 2022. A indústria foi destaque, com o maior crescimento: de 108% em relação a 2023 e de 263% ante 2022. A carteira de crédito expandida atingiu o volume de R$ 550,3 bilhões em 30 de setembro de 2024.

A combinação entre financiamento público e mercado privado tem sido, e continuará sendo, fundamental para os aportes em infraestrutura, indústria, comércio e serviços, no fomento à transição energética, nas demandas das crises climáticas, na digitalização e inclusão social, assim como para o desenvolvimento brasileiro. •

 

Nenhum comentário: