Folha de S. Paulo
Ato de domingo (16) mostrou que perde tração
a capacidade de mobilização do ex-presidente
As manifestações de
rua convocadas por Jair
Bolsonaro (PL) e companhia vêm se esvaziando. A de domingo (16) em
Copacabana reuniu menos que o ato de abril de 2024, na mesma praia, que por sua
vez já foi bem menor que as anteriores.
Agora talvez o problema tenha sido o tema. Anistia para os condenados de 8 de janeiro, na qual o ex-presidente quer pegar uma carona, não é, como disse o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), um assunto que toque as mentes, os corações e, sobretudo, os bolsos dos brasileiros.
Além da falta de público em relação à
anunciada expectativa de até 1 milhão de pessoas —foram
30 mil, segundo o Datafolha—, houve as marcantes ausências de aliados de
peso, como governadores e prefeitos de capitais.
À exceção foi o mais importante dentre os
candidatos à sucessão de Bolsonaro na liderança da direita, o governador de São
Paulo, Tarcísio
de Freitas (Republicanos). A presença dele disse muito mais a respeito
da estratégia de se garantir nesse público e de tornar o ex-presidente maleável
a uma indicação para disputar a Presidência
em 2026 do que ao desejo sincero de ver aprovada a anistia à massa de
manobra da tentativa de golpe.
É verdade que, mesmo se tivesse reunido a
multidão esperada, a manifestação não teria poder algum de influência sobre o
julgamento a ser iniciado no próximo dia 25 na Primeira Turma do Supremo
Tribunal Federal.
Ali, a celeridade dos procedimentos sinalizou
a intenção de dar fim ao processo ainda neste ano. Em caso de condenação, não
haverá anistia que dê jeito: Bolsonaro estará inelegível por um bom tempo. O
ato, contudo, serviu para demonstrar que a capacidade de mobilização de
Bolsonaro perde tração. Seus admiradores parecem cada vez menos animados a
comprar uma briga com boas chances de ser perdida.
Temos aí também um indicativo de que a
propalada convulsão social em decorrência de uma condenação seguida de prisão
não terá terreno fértil para acontecer. O próprio Bolsonaro normaliza esse
cenário ao falar toda hora na hipótese de ser preso. E sem a chama da surpresa
é difícil haver curto-circuito.
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