Folha de S. Paulo
As anunciadas trocas de ministros parecem ter
caído no limbo das incertezas governamentais
Não faz muito tempo porta-vozes governistas
diziam haver dois remédios para a crise de popularidade: melhorar
a comunicação e dar
um trato no visual do ministério.
A primeira medicação (placebo?) segue sendo aplicada à espera da recuperação do paciente, mas a segunda parece suspensa. Se temporária ou definitivamente, as circunstâncias vão se encarregar de nos informar.
Reformas, sabemos, costumam atrasar e a
anunciada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), para o dia 21
de janeiro último, não foge à regra. Mais de três meses depois, tivemos
remendos pautados por emergências, mas sobre o início ou mesmo a realização da
obra não se tem mais notícia.
Fica a dúvida: terá havido desistência ou se
trata apenas de uma pausa para meditação e, quem sabe, refletir a respeito da
eficácia da reformulação frente ao objetivo de curar o mal-estar da população?
Considerando que o critério das presumidas
trocas na equipe presidencial seria a obtenção de benefícios —eleitorais, mas
não só— ao governo, excluída a melhoria concreta do serviço ao público, pouco
ou nenhum efeito direto teria sobre os índices
das pesquisas.
A insatisfação das pessoas não tem se
relacionado com o desempenho de ministros. Se perguntarmos a aglomerados de
gente na estação Sé do metrô (SP) ou no mercadão de Madureira (RJ), um ou outro
brasileiro saberá o nome de alguns deles. A fuxicada de Brasília não conta no
Brasil real, onde as pesquisas medem a avaliação de governos.
Da ótica interna, cujo foco é a conquista de
amizades no Congresso com
a esperança de evolução para casamentos em 2026, não há amor verdadeiro em
jogo. A parcela do centrão que aderiu ao governo não o fez por boniteza, mas
por precisão, tal o sapo de Guimarães Rosa.
Esse pessoal quis, e obteve, vantagens e
visibilidade sem assinar contrato de garantia de fidelidade no caso de
adversidades incontornáveis. É o tal negócio: conforme a vida ensina, a
necessidade é madrasta e para lá de traiçoeira.
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