terça-feira, 1 de setembro de 2009

Um palanque para Dilma

Gerson Camarotti
DEU EM O GLOBO

Para 3 mil convidados, metade dos pretendidos, e 16 de 27 governadores, o presidente Lula comandou a festa procurando colar na ministra Dilma, virtual candidata à Presidência, a imagem da “mulher que faz”.

Coincidentemente, o governo também lançou ontem o Blog do Planalto, em que os internautas ainda não podem fazer comentários. A estreia foi quase só propaganda do pré-sal.

Anúncio foi arma para levantar imagem de Dilma

Após desgaste com episódio envolvendo a secretária da Receita Federal, ministra reaparece como grande gerente do governo

BRASÍLIA. A chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, reapareceu ontem em público com a agenda positiva do lançamento do marco regulatório do pré-sal. O evento de ontem foi preparado pelo Palácio do Planalto sob medida para que Dilma recuperasse a imagem de grande gerente do governo, figurino considerado fundamental para alavancar sua candidatura presidencial em 2010. A ministra esteve recolhida nas duas últimas semanas, período em sofreu grande desgaste com o episódio envolvendo a exsecretária da Receita Federal Lina Vieira e um suposto encontro entre as duas no fim de 2008 para tratar da investigação das empresas da família Sarney. Dilma nega a conversa.

Além da volta de Dilma aos holofotes, o tom nacionalista sobre as novas regras de exploração do pré-sal é considerado, pelo governo, fundamental para reforçar o discurso da candidata do PT no enfrentamento com a oposição. Avaliação feita por um auxiliar direto do presidente Lula, foi de que tanto Dilma como Lula seguiram as recomendações de evitar improvisos que dessem margem para que a solenidade ganhasse tom de palanque.

— A participação da ministra Dilma no evento não foi algo forçado ou por acaso. Ela foi a coordenadora do grupo de trabalho do governo que articulou essa proposta. É natural o destaque dado à ministra — disse a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvati (PT-SC).

Oposição: desconforto com estratégia do governo Integrantes da oposição não escondem o desconforto com a estratégia do governo. Além da agenda do pré-sal, que ajuda a reforçar a imagem de “mulher que faz”, Lula colou em Dilma vários outros programas de visibilidade.

Ela chegou a ser batizada pelo presidente como “mãe do PAC”, numa referência à coordenação do Programa de Aceleração de Crescimento.

— O que o governo não conseguiu em 14 meses de debate interno sobre o pré-sal, agora tenta empurrar para que o Congresso aprove em 90 dias. Essa pressa tem cheiro de eleitoral — criticou o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN).

— Um tema tão importante não poderia ser usado como algo partidário — atacou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (SP).

O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), rebateu as críticas da oposição: — Não estamos fazendo a estratégia do “oba-oba”. O debate do pré-sal tem importância para o país. Agora, política se faz o tempo todo, com tudo. Se o (governador) José Serra (PSDBSP) tivesse descoberto petróleo em São Paulo, estaria usando a descoberta politicamente

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