sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Lula volta a atacar DEM em entrevista

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Presidente afirma que exagerou ao pedir que legenda fosse "extirpada da política brasileira", mas ironiza as trocas de nome da legenda

Em uma das suas ultimas entrevistas antes de entregar 0 mandato a sua sucessora, Dilma Rousseff, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer que pretende "estudar" o mensalão para "entender o que realmente aconteceu" e comparou o escândalo ao caso da Escola Base, ocorrido na década de 90, quando donos de uma escola foram injustamente" acusados de molestar sexualmente crianças.

Concedida por e-mail ao site "Porradão de 20", do fundador da Central Única de Favelas (Lufa), Celso de Athayde, a entrevista serviu para Lula criticar uma vez o Democratas. A Athayde, o presidente afirmou que o partido tem "a ditadura no seu DNA" e, em 2005 - ano do mensalão – tentou ganhar a eleição no "tapetão".

"É sempre assim: partido que não tem apoio do eleitorado, apela. Um de seus dirigentes chegou a dizer que iria se ver livre dessa "raça do PT" por pelo menos 30 anos", afirmou o presidente.

Ao ser perguntado se ainda acreditava que o DEM precisava ser "extirpado da política brasileira", como dissera em setembro, durante um comício em Santa Catarina, o presidente fez uma mea-culpa e reconheceu que foi um momenta de "arroubo, de exaltação" que não deveria ter acontecido, apesar de garantir que se referia "às urnas, dentro do jogo democrático". "O partido deve continuar concorrendo, desde que se limite a disputa dentro das regras da democracia, esquecendo o seu passado ditatorial, se é que seus dirigentes vão conseguir", afirmou.

Lula ainda ironizou as trocas de nome já feitas pelo DEM, que começou como Arena, já foi PDS e PFL, antes de adotar o nome atual. "Seus dirigentes já devem estar pensando em novo nome, porque o DEM também já não engana mais ninguém", disse. Arena e PDS sustentaram o regime militar, mas abrigaram um aliado atual de primeira hora de Lula, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Athayde perguntou a Lula sobre o mensalão, citando justamente o esquema de compra de deputados organizado no Distrito Federal pelo ex-governador José Roberto Arruda, que ficou conhecido como "mensalão do DEM". Se um existiu", disse o produtor cultural, isso não é uma prática comum a todos os partidos políticos?”

Na sua resposta, a presidente Lula garantiu que "vai estudar o caso até entender o que realmente aconteceu", dizendo que "essa é mais uma história mal explicada".

Lula chegou a comparar a repercussão do mensalão, que ele alega não ter sido provado, com o caso da Escola Base, de São Paulo, em que as donos foram atacados até ficar provado que nada havia acontecido. "O que mais me intriga é que o deputado que fez a acusação (Roberto Jefferson, do PTB) foi cassada porque não apresentou nenhuma prova. O texto da cassação dele, na Câmara dos Deputados, diz que ele foi cassado por falta de decoro parlamentar por não ter provado as acusações que fez. Mesmo assim, o processo contra os acusados continuou. Esse caso me lembra o linchamento de inocentes. Muita gente entra na onda, fica cega e surda para qualquer argumento contrário, e passa, vamos dizer, a jogar bosta na Geni", disse.

Lula afirmou, ainda, que conseguiu parar uma tentativa de se chegar a um processo de impeachment porque mandou um recado a vários senadores: iriam ter que enfrenta-lo nas ruas. "Eu tenho plena consciência de que houve também o aproveitamento de um suposto crime eleitoral para tentar desgastar e sangrar o governo durante um ano, para que nos perdêssemos as eleições de 2006", disse. "Eu me reuni com os movimentos sociais e obtive todo o apoio. Foram criados panfletos e adesivos com inscrições como "Mexeu com o Lula, mexeu comigo" e "Deixa o homem trabalhar". Só aí é que eles recuaram”.

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