sábado, 17 de setembro de 2011

Serra e Fontana discutem proposta pela web

Enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva articula o PT em torno de uma proposta de reforma política, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) usa a internet para criticar o projeto apresentado na Câmara pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS), que, entre outras medidas, prevê a criação de um fundo único para doações de campanha.

Em texto publicado anteontem em seu blog (www.joseserra. com.br), o tucano afirma que "um dos aspectos mais instigantes da proposta do deputado é que em vez de propor um financiamento público exclusivo – que é o que o PT diz defender, quando fala sobre o assunto – ele abre uma brecha para que empresas privadas doem ao fundo, mas conforme critérios que garantem que todo recurso privado destinado às eleições seja canalizado prioritariamente para os maiores partidos – no caso, PT e PMDB".

No projeto do deputado, 80% dos recursos depositados no fundo pelo governo e por doadores privados (empresas e pessoas físicas) seriam distribuídos aos partidos conforme os votos recebidos pelas siglas nas últimas eleições.

A discussão virtual entre Serra e Fontana – relator da Comissão Especial da Reforma Política – se estende desde o fim de agosto, quando o tucano publicou as primeiras críticas. Intitulado Reforma política: relator do PT quer trocar o ruim pelo pior, o texto acusa o anteprojeto de Fontana de ser "delirante" por "prever doações do setor privado a um fundo de campanha, sem qualquer direcionamento partidário ou a candidatos". Serra chama a proposta de "casuística" e "antidemocrática". A afirma que ela favorecerá o PT e o PMDB e é de difícil compreensão pelo eleitor.

Fontana rebateu Serra por seu site. Defendeu a proposta e acusou o tucano de "criticar sem apontar caminhos": "Não nos surpreende que a regra que veda as doações diretas dos financiadores de campanha aos partidos ou candidatos cause algum desconforto àqueles que contam com o apoio dos grandes doadores".

Na réplica de anteontem, Serra reiterou as críticas e defendeu o voto distrital misto. "Estou convicto, há muito tempo, de que o voto distrital seria o melhor remédio para os problemas do nosso sistema", afirmou. "É um modelo simples, transparente e muito menos custoso."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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