• Estratégia de deputados é repetir procedimento adotado pelo PSOL contra Eduardo Cunha e atendido por Janot
• Líderes da oposição buscam confirmar envolvimento de ministros e pagamentos de lobista a filho de Lula
Mariana Haubert, Eduardo Cucolo – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Líderes da oposição na Câmara estudam adotar uma estratégia para forçar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a prestar informações sobre as denúncias de corrupção no âmbito da Operação Lava Jato que recaem sobre petistas e aliados do governo.
Os deputados pretendem apresentar diversos requerimentos com pedidos de informação sobre os casos. Eles entendem que Janot abriu o precedente ao responder, na semana passada, a um pedido de informação feito pelo PSOL que pedia a confirmação da existência de contas secretas na Suíça do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Janot confirmou a existência das contas e informou aos deputados que as movimentações financeiras do peemedebista foram bloqueadas. O procurador disse ainda que o Ministério Público suíço abriu investigação por corrupção e lavagem de dinheiro.
Com base nesse pedido, a oposição entende que o procurador deve responder a qualquer outro tipo de questionamento semelhante sobre as investigações da Operação Lava Jato, que desde o ano passado revelou um esquema de corrupção em contratos da Petrobras envolvendo empreiteiros e políticos.
Os deputados pretendem perguntar a Janot, por exemplo, se o lobista Fernando Soares, o Baiano –para o Ministério Público um operador do PMDB no esquema da Petrobras–, pagou cerca de R$ 2 milhões ao filho do ex-presidente Lula Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, para custear despesas pessoais.
Como a delação foi homologada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki na última sexta-feira (9), o caso ainda não chegou à PGR (Procuradoria-Geral da República). A informação foi publicada pelo jornal "O Globo" neste domingo (11).
Os deputados também pretendem pedir a confirmação das denúncias sobre a participação dos ministros Aloizio Mercadante (Educação, ex-Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social, tesoureiro da campanha de Dilma em 2014) no esquema de corrupção.
O inquérito contra Edinho e o pedido de investigação contra Mercadante foram feitos pela PGR em setembro. Ambos foram apontados na delação do dono da UTC, Ricardo Pessoa, como beneficiários de recursos de corrupção na Petrobras.
Apesar de terem marcado posição pela saída de Cunha da presidência da Câmara após a PGR divulgar detalhes da movimentação do deputado na Suíça, os líderes oposicionistas repetem um discurso feito pelo peemedebista, de que a PGR vaza informações seletivas, atingindo apenas o presidente da Casa e poupando aliados do governo.
Por isso, dizem, o PGR será obrigado a confirmar ou não as denúncias também contra petistas e aliados. Além dos ministros, há também senadores e deputados investigados. O pedido de informação do PSOL foi feito com base na Lei de Acesso a Informações Públicas.
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