Início de um novo ciclo do petróleo, com reforço do gás, dá outra chance para estado, cidade e eleitores
A velha imagem da “tempestade perfeita” se ajusta à perfeição ao Rio de Janeiro, cidade e estado. Cariocas e fluminenses foram atingidos por efeitos negativos de problemas multidisciplinares — na economia, na política, no campo social, na segurança, nesta como reflexo das demais dificuldades. Na política, deve-se reconhecer as más escolhas dos eleitores.
A conjunção de tantos fatores negativos, poucas vezes vista em grandes entes da Federação, gerou perdas severas de renda e emprego. Dados de maio deste ano em comparação a 2014 revelam que a redução do emprego com carteira assinada no período, no estado, foi de 15,4%, o mais elevado do país, praticamente igual aos 15% do estado do Amapá. Nem Minas e Rio Grande do Sul, também em severa crise, apresentaram resultados tão negativos. A média do país foi de uma retração de 5,9%.
Em um prazo mais longo, de 1985 a 2017, 32 anos, o crescimento do emprego formal na economia fluminense foi pífio, o menor: 51,3%, contra 94,3% de São Paulo; 156,6% de Minas. No Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, 465,2% e 265,4%.
A informalidade é percebida nas ruas do Rio, uma questão nunca enfrentada como se deveria, impedida pelo forte teor de populismo com que se costuma fazer política no estado e na cidade. O perfil da Assembleia Legislativa e da Câmara de Vereadores do Rio é típico.
Ocorre um círculo vicioso perverso: uma região em que há forte clientelismo — exercido por meio de “centros sociais”, cabides de emprego etc — degrada o eleitorado, que assim perpetua o populismo, mesmo com personagens diferentes.
Uma parte da “tempestade perfeita” foi a coincidência entre a queda do preço mundial do petróleo, afetando o recebimento de royalties, e a maior recessão da história do país (2015/16). A receita desabou, e a falha das gestões de Cabral e Pezão, ao engessarem recursos variáveis dos royalties em elevadas despesas fixas (salários e aposentadorias da elite do funcionalismo), quebraram o estado, que teve de aderir ao Programa de Recuperação Fiscal, do Tesouro. Mas não cumpre as metas negociadas em troca da suspensão do pagamento da dívida. Enquanto a prefeitura carioca, por sua vez, não conserva a cidade e, como o estado, está com a rede de saúde em crise.
A perda de participação no PIB nacional, de 1970 a 2016, é relevante. O peso de São Paulo retrocedeu 17,5%, também reflexo de uma saudável desconcentração do desenvolvimento. Já o da economia fluminense caiu 38,7%, o maior entre todos os estados.
Em artigo publicado no GLOBO, o economista Mauro Osorio e a historiadora Maria Helena Versiani analisaram este cenário e lembraram de um perigo iminente: em novembro, o Supremo julga liminar que suspendeu lei que redistribuirá os royalties dos estados produtores de petróleo. Se isso acontecer, o Rio de Janeiro entrará numa crise nunca vista.
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