- O Globo
Contra quem quer nos asfixiar, crescem movimentos suprapartidários
Sei que opinião individual não interessa. Não importa que, ao contrário do presidente, eu jamais tenha tido o impulso de ouvir filho atrás da porta e sinta engulhos diante de quem acha isso recomendável. Mas confesso uma posição pessoal: sou contra prorrogar mandatos. Por isso, não gostei nada quando se falou em adiar para outro ano as eleições municipais, a pretexto da pandemia.
Ainda bem que Rodrigo Maia também pensa assim. E o ministro Barroso, agora presidente do TSE, está firme na busca de alternativas que garantam a continuidade democrática no pleito, sem irresponsabilidade sanitária. Acaba de autorizar convenções virtuais para escolha dos candidatos. E como os testes das urnas eletrônicas devem ser presenciais, que haja condições seguras de trabalho para os funcionários da Justiça Eleitoral neles envolvidos.
Pode-se fazer a votação em horário dilatado ou em mais de um dia. Talvez postergar um pouco a data, mas permitindo que a posse dos novos eleitos fique dentro do previsto na legislação. Talvez até valha considerar a hipótese de suspender a obrigatoriedade do voto neste pleito. Claro, a palavra final é do Congresso. Vejo que outros se preocupam com isso, não estou sozinha.
A mostrar que não estamos sós e inertes nestes tempos de perdas dolorosas, de Covid e de violência como a que matou George Floyd, também os democratas se mexem para tentar respirar. Contra quem quer nos asfixiar, crescem movimentos suprapartidários dispostos a passar por cima de mágoas antigas e defender as instituições. Irmanados na resistência capaz de unir diferenças. Sem alimentar confrontos, projetos pessoais ou veleidades hegemônicas. Já vêm tarde e são muito bem-vindos.
Definem-se a favor da Constituição, da vida, da saúde, da justiça, da educação, da arte, da ciência, da igualdade, da Amazônia, da responsabilidade na economia, da sustentabilidade, das instituições, da liberdade de imprensa.
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