quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Aproximação de Bolsonaro com o PSL muda cenários nas eleições para prefeito de Rio e SP

Membros da cúpula do PSL querem substituir Joice Hasselmann, adversária de Bolsonaro, por Janaína Paschoal na disputa pela prefeitura de SP

Bernardo Mello e Paulo Cappelli | O Globo

RIO E BRASÍLIA — A aproximação do presidente Jair Bolsonaro de seu antigo partido, o PSL, começa a provocar reflexos nas pré-candidaturas a prefeito de Rio e São Paulo. Aliados do prefeito carioca, Marcelo Crivella (Republicanos), articulam para ter um político do PSL como vice na chapa à reeleição. O nome defendido é o da policial militar e deputada federal Major Fabiana (PSL-RJ). Em São Paulo, segundo a colunista Bela Megale, membros da cúpula do PSL querem substituir Joice Hasselmann, adversária de Bolsonaro, por Janaína Paschoal na disputa pela prefeitura. A deputada estadual foi sondada pelo presidente da sigla, Luciano Bivar, mas ainda não aceitou a empreitada.

Joice, pré-candidata a prefeita, enfrenta dois problemas. Para os contrários ao nome dela, Joice criou resistência interna, de parte da sigla, por ser considerada de “difícil trato” e “só atuar em benefício próprio”. Afirmam que ela mostra um desempenho abaixo do esperado em pesquisas internas.

Mulher e militar, dois requisitos visados pelo Aliança pelo Brasil, sigla que Bolsonaro tentou viabilizar, Major Fabiana chegou a assumir em 2019 uma secretaria no governo de Wilson Witzel (PSC), atual desafeto do presidente. A deputada comandou a pasta de Vitimização e Amparo à Pessoa com Deficiência em agosto do ano passado, quando o relacionamento entre o governador Witzel e Bolsonaro já não era dos melhores. Ela deixou o cargo em outubro, após o rompimento definitivo entre Witzel e o presidente, e passou a atuar pela criação do Aliança.

— Quem decidirá se serei ou não candidata a vice na chapa do Crivella é o meu líder Flávio Bolsonaro. Eu vinha num processo de expulsão do PSL, mas tenho muitos amigos no partido, como o Sargento Gurgel (presidente estadual do PSL) e o Antônio Rueda (vice-presidente nacional). Se o Flávio achar que, para impedir que o Eduardo Paes (DEM) vença a eleição e faça no Rio palanque para o João Doria (PSDB) para a Presidência em 2022, é importante que eu seja candidata a vice, serei. Mas isso precisaria ser construído dentro do PSL — disse Major Fabiana.

Com uma gestão desgastada, Crivella tem procurado reforçar sua associação com Bolsonaro. Embora tenha se colocado no lado oposto à ala bivarista do PSL, Fabiana tem boa interlocução com o presidente do diretório estadual, deputado Sargento Gurgel, aliado de Bivar. Até agora, no entanto, Gurgel apoiou a pré-candidatura do deputado estadual Rodrigo Amorim. Para Gurgel, qualquer mudança teria de passar pelo crivo da executiva nacional. No sábado, ele esteve com Crivella e Bolsonaro em evento público no Rio.

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