Folha de S. Paulo
Inflação para 2025 está na meta, na conta do
Banco Central, que mantém ritmo de cortes
A inflação de 2025 deve chegar à meta,
segundo as contas do Banco Central.
O IPCA do ano que vem seria de 3,2%, um preciosismo acima do objetivo de 3%,
segundo o "cenário de referência" do BC, mesma projeção de dezembro.
Qual é a base desse "cenário"?
Espera-se que a Selic, a taxa
básica de juros,
baixe aos poucos até 9% ao ano em setembro e por aí permaneça até dezembro (é a
atual mediana das projeções de economistas de "o mercado"). Que os
preços de dólar e petróleo se comportem como projeta o BC, embora apenas os
céus saibam o que será dessas cotações. Que o preço da eletricidade siga sob
"bandeira verde".
Isso quer dizer que a Selic real, descontada a inflação, estaria perto dos 6% no final deste 2024, se ficar estacionada por aí. É horrível e um desestímulo econômico. Para o cotidiano do cidadão comum que pega empréstimos quaisquer, quer dizer que vai ser possível notar diferença maior no arrocho apenas a partir de lá pela metade do ano.
Não houve novidade maior no comunicado em que
o BC informou a sua decisão de baixar
a Selic de 11,75% ao ano para 11,25%. Nas próximas duas reuniões, afora
sacolejos maiores, a Selic cairia no mesmo ritmo, para 10,25%.
No atacadão do mercado de dinheiro, onde,
grosso modo, se definem as taxas de empréstimo para o governo, o piso dos
juros, a inércia é parecida. As taxas de prazo maior do que dois anos caíram
apenas um tico em relação a agosto de 2023, quando o BC começou a diminuir a
Selic. A taxa real de juros de um ano está em 6% ao ano na praça do mercado.
Como tem estado óbvio, os donos do dinheiro
esperam saber: 1) O
que vai ser da taxa de juros nos EUA (que influencia o piso dos juros
por aqui); 2) O que vai ser da meta
fiscal de Lula e da arrecadação de impostos. Isto é, querem saber se a
mexida na meta de "déficit zero" será grande e qual o tamanho do
déficit, dadas a disposição (ou não) do governo de conter gastos e a
arrecadação federal, que foi mal no ano passado.
O BC reafirmou, bidu, que a manutenção da
meta de "déficit zero" é essencial: "...o Comitê reafirma a
importância da firme persecução dessas metas". Uma situação fiscal menos
perturbadora deve reduzir expectativas de inflação por aqui, caso não haja
confusão nos EUA ou outro acidente.
"O mercado" ainda espera inflação
de 3,8% em 2024 e de 3,5% em 2025 (ou ao menos isso é parte do preço que cobra
para manter seus ativos em reais e que está na base das contas do custo do
dinheiro). Se houver mexida maior na meta fiscal, vai dar besteira.
Em resumo, afora desastres ou milagres, não
vamos saber de grande novidade até lá por março. A próxima decisão do BC sobre
a Selic ocorre em 20 de março, mas talvez apenas em 8 de maio (na reunião
seguinte) a turma se sinta confortável de alterar sua perspectiva.
O BC tem dado ênfase à situação
internacional, com uma visão um tico mais otimista. O primeiro parágrafo do
comunicado desta quarta-feira trata do "ambiente externo". Isto é,
das idas e vindas dos humores dos donos mundiais do dinheiro grosso a respeito
do que será da inflação no mundo rico e de quando pode sobrevir um corte de
juros nos EUA. Este "...cenário segue exigindo cautela por parte de países
emergentes". Mais adiante, lê-se no comunicado que "...a conjuntura,
em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na
condução da política monetária". Dos quatro fatores de risco (de alta ou
de baixa da inflação) citados, três dizem respeito à economia internacional.
Para quem acha que isso possa fazer
diferença, recorde-se que, agora, quatro dos nove integrantes da direção do BC
são nomes indicados por Lula. A decisão desta quarta foi unânime.
2 comentários:
TROCANDO EM MIÚDOS
■Vinícius Torres Freire disse que para a SELIC cair depende de...
●3 fatores externos; e
●1 fator interno.
■Os RISCOS EXTERNOS são::
=¹》 O que o FED vai decidir sobre a taxa de juros nos EEUU;
=²》O que vai acontecer com o preço do petróleo; e
=³》Qual vai ser a inflação no mundo neste 2024 (No mundo que conta para a economia:: Europa, Austrália, Canadá, China, Japão... E EEUU, é claro).
O RISCO INTERNO é::
■Vou colar aqui o que escreveu o próprio Vinícius Torres ao observar a expectativa dos banqueiros, que são os que cuidam do dinheiro que todos que têm alguma poupança deixam com os Bancos para que eles emprestem aos que precisam.
■■ Nas palavras de Vinícius, os Banqueiros querem saber::
=》" O que vai ser da meta fiscal de Lula e da arrecadação de impostos. Isto é, querem saber se a mexida na meta de "déficit zero" será grande e qual o tamanho do déficit, dadas a disposição (ou não) do governo de conter gastos e a arrecadação federal, que foi mal no ano passado. ".
■■■
■Como dos 4 riscos para a SELIC o governo só pode atuar em 1 porque sobre os fatores externos o Brasil não tem nenhum modo de intervir, espera-se que o que cabe ao Brasil fazer, que é o governo federal passar a ter responsabilidade fiscal, ele cumpra, para que o Banco Central possa continuar a baixar a SELIC.
■■■Assim, o grande risco interno para que os juros não caiam é se o governo federal mantiver a tradição de governos petistas, não mostrar nenhuma responsabilidade fiscal e continuar caindo em gastança, como Lula sempre faz, para ter votos em 2024.
=》É o não cumprimento do déficit zero ou ter um déficit que não seja compensado pelo aumento de carga fiscal prevista no chamado Arcabouço o risco interno para a SELIC não cair, podendo até ter que ser aumentada.
Lendo e aprendendo.
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