Cristiane Jungblut e Patrícia Duarte
DEU EM O GLOBO
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A decisão do governo de tributar as cadernetas em 22,5% já encontra forte resistência no Congresso. Até a base aliada quer evitar o assunto. A alegação é que a proposta do Orçamento já veio sem a previsão desses recursos para o caixa.
Congresso resiste à mudança na caderneta
Até aliados do governo avaliam que tema deveria ser debatido em 2010
BRASÍLIA. A iniciativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de ressuscitar a proposta de taxação da poupança enfrenta resistências no Congresso, inclusive dentro da própria base aliada do governo. Ontem, até mesmo o vice-líder do governo no Congresso, deputado Gilmar Machado (PT-MG), ponderou que o assunto deveria ser deixado para o ano que vem e argumentou que a proposta orçamentária para 2010, já enviada ao Legislativo, não prevê esse tipo de taxação. O PMDB também tem dúvidas se esse é o melhor momento para discutir a taxação de poupança e quer ouvir os argumentos da área econômica.
O DEM e o PSDB já anunciaram que são contra por temer que, no futuro, o governo resolva taxar poupanças abaixo de R$50 mil. Na verdade, parlamentares - inclusive aliados - reclamam que foram surpreendidos com a retomada do assunto.
Gilmar Machado tocou no tema da caderneta no fim da audiência pública realizada na Câmara com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
- Ponderei com ele (Meirelles) se era fundamental essa mudança nesse momento. Acho que podemos esperar mais para avaliar o desempenho da taxa de juros para mexer na poupança. Talvez fosse melhor deixar para o ano que vem - disse o deputado, deixando claro que essa era sua opinião pessoal.
A avaliação no Congresso é que se trata de ano pré-eleitoral e que a discussão poderia inviabilizar votações necessárias ao governo, como de MPs e do Orçamento para 2010.
O líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), quer marcar encontro de Mantega com a bancada do PMDB na próxima semana para debater o tema. E o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) criticou a decisão do governo de mexer na poupança:
- Vamos lutar contra isso.
Meirelles reconheceu que o assunto é delicado e que, por isso, não há apenas ganhadores ou perdedores. E afirmou que a última palavra será a dos parlamentares.
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