Oposição cobra apuração de suposta participação de Mercadante como um dos mentores da compra de dossiê contra tucanos
Eduardo Bresciani
Deputados do PSDB protocolaram ontem pedidos de reabertura do inquérito sobre a tentativa de compra por petistas de um dossiê contra o tucano José Serra, candidato ao governo do Estado em 2006, caso que ficou conhecido como "escândalo dos aloprados". Os pedidos foram feitos à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República.
A oposição quer mais investigação sobre o episódio devido a uma reportagem da revista Veja ter apontado o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, então candidato ao governo do Estado, como um dos mentores da compra.
Segundo a entrevista de um dos envolvidos no esquema, Expedito Veloso, Mercadante era um dos responsáveis por arrecadar o dinheiro que seria utilizado na compra das informações.
Na campanha eleitoral de 2006, a PF apreendeu R$ 1,7 milhão com militantes petistas. O dinheiro seria para a compra de informações que poderiam envolver Serra com "a máfia dos sanguessugas", esquema pelo qual se desviavam recursos destinados à aquisição de ambulâncias. O empresário Luiz Vedoin, mentor do esquema, negou, posteriormente, o envolvimento de Serra. O inquérito da Polícia Federal que apurou a tentativa de compra das informações foi arquivado por falta de provas. Não se descobriu, por exemplo, a origem do dinheiro.
Ainda segundo a revista, parte dos recursos teria sido levantada pelo governador Orestes Quércia (PMDB), morto em dezembro do ano passado
No ofício encaminhado à direção-geral da PF, o líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira (SP), destacou o envolvimento de pessoas ligadas ao ministro e pediu uma investigação. "Para nós, a questão é de relevante interesse nacional, especialmente por sua implicação no processo eleitoral e nas relevantes funções públicas que Aloizio Mercadante exercia à época como senador da República."
Na representação à Procuradoria, os deputados tucanos tentam envolver nas denúncias também o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Eles destacam que o tesoureiro era suplente de Mercadante no Senado e presidia a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). Os tucanos relatam que Vaccari teve contato com os envolvidos nos dias que antecederam a prisão dos petistas com o dinheiro.
Eles ressaltam também as declarações de Veloso sobre a participação de Mercadante no esquema e pedem que o ministro seja indiciado. Além de Nogueira, os deputados Vanderlei Macris (PSDB-SP) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) assinaram a peça entregue à PGR ontem.
Outro lado. Mercadante nega envolvimento no caso. O ministro destaca que o caso foi investigado pela Polícia Federal e arquivado. Ele também lembra ter sido inocentado tanto pelo Ministério Público como pelo Supremo.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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