domingo, 11 de março de 2012

Eleição em SP contraria tese da influência do cenário nacional

Vera Magalhães

A estratégia de "nacionalizar" a campanha pela Prefeitura de São Paulo, acalentada tanto pelo PT quanto pelo PSDB, é nada mais que uma tese à procura de comprovação, se analisados os dados das eleições municipais na capital nos últimos 27 anos.

Nenhum candidato apoiado pelo presidente da vez, ainda que bem avaliado, foi eleito na cidade desde 1985.

A série começa quando José Sarney apoiou Fernando Henrique Cardoso, ainda no PMDB. Deu Jânio Quadros.

E termina com revezes de Lula nos dois mandatos, quando o PT sofreu derrotas com Marta Suplicy, uma delas em disputa de reeleição.

Mesmo o atual domínio tucano-kassabista em São Paulo só se deu, ironicamente, depois que o PSDB foi apeado do governo federal.

Nas duas eleições municipais realizadas sob seus mandatos, Fernando Henrique Cardoso não conseguiu colocar um aliado na cadeira de prefeito em que ele próprio chegou a se sentar, antes de ser derrotado em 1985.

José Serra, hoje favorito segundo a pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, não passou de um terceiro lugar em 1996, quando o malufismo se confirmou como força dominante na cidade e levou o desconhecido Celso Pitta ao poder.

Diante do desastre da administração Pitta, foi o PT, e não os tucanos -que governavam não só o país, mas o Estado- que levaram a melhor: Marta foi eleita e o então vice-governador Geraldo Alckmin ficou em terceiro lugar, fora do segundo turno.

Apesar da evidência do pouco peso atribuído pelo eleitor paulistano aos "padrinhos" nacionais na hora de eleger seu alcaide, petistas e tucanos voltam a sonhar com um embate que reproduza sua contenda nacional.

O ex-presidente Lula, antes de se afastar da política por razão de saúde, elegeu a vitória em São Paulo como essencial para derrotar o PSDB no Estado em 2014. Para isso, desmobilizou as prévias e viu seu escolhido, Fernando Haddad, ser ungido pelo PT.

Da mesma forma, ao anunciar sua disposição em voltar a concorrer à prefeitura, Serra justificou sua decisão pela necessidade de combater o projeto nacional de poder petista, missão para a qual seria o nome mais indicado.

O atual cenário mostrado pelo Datafolha confirma o paradoxo paulistano: apesar de a grande maioria dos eleitores se dizer propensa a votar em um candidato apoiado por Lula ou pela presidente Dilma Rousseff, é o oposicionista Serra que lidera, com folga, as intenções de voto.

Fazer com que o prestígio dos padrinhos petistas quebre a "marra" do paulistano em votar de forma descasada para prefeito e para presidente será missão do marqueteiro João Santana até outubro.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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