Acabou o desfile dos brilhantes e bem remunerados advogados para a defesa dos 38 réus do mensalão. E começou o julgamento em si, com a exposição, ao vivo e em cores, das divisões e até das implicâncias mútuas dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Dilma pode ter lançado ontem o pacote para rodovias e ferrovias para amenizar o impacto do voto do relator Joaquim Barbosa sobre o PT. O efeito, porém, deve ter sido outro: o pacote e as manifestações de servidores grevistas ajudaram a desviar o foco do clima de lavação de roupa suja na mais alta corte do país.
Assim como Barbosa e o revisor Ricardo Lewandowski bateram boca no primeiro dia, ontem os dois mostraram que não foi um caso à parte, o clima é tenso e as divergências vão longe. Como, aliás, já estava claro desde que Lewandowski avisou que faria um "contraponto" ao relator.
A diferença é que, naquele primeiro dia, Lewandowski ficou praticamente falando sozinho, não apenas pelo imenso voto pelo desmembramento do processo mas também porque só teve apoio nessa tese do ministro Marco Aurélio (que parece estar se divertindo muito). Já ontem, quem ficou isolado foi Barbosa, quando se disse agredido pelos advogados e queria retaliar. Seus pares decidiram que é questão para a OAB, não para o Supremo.
A impressão é que os ministros mais antigos não gostam uns dos outros e se deliciam ao se alfinetarem. Mas, se eles se perderem em questiúnculas de ordem, em provocações e em votos imensos mesmo nos temas mais simples ("não me toca a angústia do tempo", diz Celso de Mello), vão dar razão ao presidente do PT, Rui Falcão, para quem o povo não quer saber de mensalão.
A Olimpíada acabou, mas as maldades da novela continuam e Dilma ainda tem muito plano para lançar. São metas atingíveis? Se forem como as da Petrobras, definitivamente não. Mas dão manchete.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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