Governador de Pernambuco diz que jogada é estratégia para desvalorizar e vender a empresa
Tiago Décimo - O Estado de S. Paulo
Ao comentar sobre as suspeitas de irregularidades em contratos da Petrobrás, o governador de Pernambuco e pré-candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos, levantou suspeita sobre uma possível desvalorização proposital no valor de mercado da empresa, durante um evento realizado neste sábado, em Salvador.
"Às vezes, fico desconfiado se isso não faz parte de um jogo para desvalorizar e vender a Petrobrás", disse o presidenciável. "Queremos que as posições sejam deixadas claras. Em 2010 (durante a campanha eleitorial), a hoje presidente (Dilma Rousseff) acusou o candidato do PSDB (José Serra) de querer fazer um processo de privatização da Petrobrás. Três anos depois, a empresa vale metade do que valia e está mais endividada. É preciso ter um debate muito consistente, que não omita da sociedade o que houve, efetivamente."
Campos também criticou a condução da crise, por parte do governo e do conselho de administração da empresa. "A gente não pode achar que a saída de uma pessoa pode resolver um problema que é mais complexo", comentou, sobre a demissão do diretor financeiro da BR Distribuidora, Nestor Cerveró. "A gente não pode achar que agora está tudo normal. É fundamental o esclarecimento sobre essas questões."
Apesar da suspeita, o governador pernambucano disse considerar ser "cedo" para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as ações da empresa. "Vários parlamentares da bancada do PSB já assinaram o pedido de criação da CPI, mas nós, da direção partidária, achamos que temos de ter tranquilidade para cumprir as etapas necessárias. Isso para que, depois, não venham fazer leituras equivocadas, de que estamos nos valendo (politicamente) de uma situação de constrangimento do governo, mesmo que tenha sido gerada pelo próprio governo."
O PSB é um dos partidos que pediu a convocação da presidente da Petrobrás (Graça Foster) e do ministro das Minas e Energia (Edison Lobão) para prestar os esclarecimentos necessários ao Congresso. "É necessário primeiro ver a etapa das convocações, ver os esclarecimentos prestados, para que a bancada do PSB possa tomar uma posição", explicou. "Se os esclarecimentos forem insuficientes, não teremos problema em decidir formalmente, pela direção do partido, pela criação da CPI."
Segundo Campos, é necessário "cuidado" na condução dos processos de investigação, para não prejudicar a empresa. "Minha preocupação, neste momento, é não deixar a Petrobrás vulnerável, é preservar a empresa por tudo o que ela significa para o Brasil e para a economia brasileira", observou. "A gente tem esse tipo de preocupação, que não haja uma disputa política sobre o tema."
O presidenciável participou, neste sábado, do 3º Encontro Regional Programático, evento promovido por PSB, Rede Sustentabilidade e PPS para a confecção do programa de governo que será apresentado pela coligação durante a campanha eleitoral. Também estiveram na reunião os líderes do PPS – deputado Roberto Freire, do PE – e da Rede (Marina Silva), além de deputados, senadores e lideranças regionais dos partidos, como as pré-candidatas do PSB ao governo baiano, Lídice da Mata, e ao senado, Eliana Calmon.
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