• Presidente da estatal, Graça Foster vira alvo de grupos insatisfeitos com condução da empresa no governo Dilma
• Demissão de primo de ex-presidente, troca de diretores e revisão de contratos contrariaram petistas e empresas
Andréia Sadi, Valdo Cruz – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - A crise gerada pela revelação da interferência de assessores do Palácio do Planalto nos trabalhos da CPI da Petrobras do Senado expôs disputas internas que têm como alvo preferencial a presidente da estatal, Graça Foster.
Na avaliação de assessores presidenciais, congressistas e funcionários da empresa ouvidos pela Folha, o vídeo que mostra três assessores da Petrobras combinando o repasse de perguntas da CPI para seus executivos é um recado de grupos interessados em criar desgaste para Graça.
Os três funcionários que aparecem no vídeo, divulgado pela revista Veja na semana passada, são apontados na estatal como antipetistas e sem alinhamento com Graça, que assumiu o comando da Petrobras após a posse da presidente Dilma Rousseff.
Graça enfrenta críticas no PT desde sua nomeação para o cargo, em 2012, especialmente de assessores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que criticam a maneira como ela se afastou do antecessor, José Sérgio Gabrielli.
Graça também sofre reparos de petistas por causa do estilo às vezes ríspido no trato com subordinados, semelhante ao de Dilma Rousseff.
Interlocutores de Graça atribuem as críticas ao trabalho que ela teria feito para reduzir a influência política dentro da estatal, afastando não só diretores ligados a petistas como a outros partidos.
"Desde que a Graça assumiu, com carta branca da presidente Dilma para fazer uma limpa na estatal, muita gente no PT e na empresa passou a vê-la como inimiga", diz um amigo dela, reservadamente.
A situação se agravou no começo do ano, quando Dilma admitiu publicamente que o conselho de administração da Petrobras aprovou a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, em 2006, por causa de um parecer falho" do diretor da área internacional, Nestor Cerveró.
Ao mar
A iniciativa de culpar o executivo, membro da equipe de Gabrielli, foi criticada no PT como uma tentativa de atirar a antiga diretoria ao mar. No caso de Graça, petistas dizem em tom irônico que ela quis salvar sua gestão como se não tivesse feito parte da diretoria de Gabrielli por cinco anos.
A demissão de um primo de Gabrielli, José Orlando Melo de Azevedo, por Graça é citada na empresa como o principal sinal de ruptura simbólica com a gestão passada.
Azevedo era diretor comercial da Transportadora Associada, subsidiária da Petrobras, e era considerado na estatal um quadro técnico. Segundo a Folha apurou, Dilma só foi informada de seu afastamento pelos jornais.
Além de trocar diretores, Graça ordenou um pente fino em contratos da Petrobras logo depois de assumir a presidência da empresa, o que contrariou e causou perdas a muitos fornecedores da estatal.
Ela também diminuiu patrocínios, o que gerou irritação em petistas acomodados com o funcionamento da empresa sob o antigo comando.
Mais recentemente, ela causou irritação nos ex-diretores da Petrobras por ter evitado se comprometer com a defesa dos executivos condenados pelo Tribunal de Contas da União por causa das perdas sofridas pela aquisição da refinaria de Pasadena.
Questionada se a Petrobras iria bancar a defesa dos condenados e suas multas, Graça Foster só indicou que a empresa irá cuidar disso depois que ela mesma se viu ameaçada. O TCU também pode incluí-la na relação dos que tiveram seus bens bloqueados.
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