• Disputa pelos governos abalou relação entre aliados no Ceará, Rio, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Piauí
• Em Roraima, o senador Romero Jucá (PMDB) reclamou de que ele e o partido foram atacados pela campanha do PT
Diógenes Campanha, Daniel Carvalho – Folha de S. Paulo
As eleições para governador deixaram um saldo de conflitos entre PT e PMDB nos Estados. O rompimento de alianças e o acirramento da campanha levaram os pontos de atrito a 14 Estados.
A disputa abalou a relação entre petistas e peemedebistas no Ceará, no Espírito Santo, no Piauí, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte.
Há outros nove Estados (Acre, Amapá, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná, Roraima, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) em que a rivalidade já existia, mas, em alguns casos, só aumentou ao longo deste ano.
O desgosto do PMDB com o PT é encabeçado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves. Ele atribui sua derrota na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte ao ex-presidente Lula, que na campanha apoiou Robinson Faria (PSD), eleito no domingo (26).
Embora o deputado diga ter superado a questão, o primo dele, o ministro Garibaldi Alves Filho (Previdência), reconhece que o "ressentimento" pesou na derrubada pela Câmara, na última terça (29), do decreto da presidente Dilma Rousseff que criou os conselhos populares.
"A relação ficou tensa, e isso não vai se acalmar tão cedo", afirmou Garibaldi.
Em Roraima, o senador Romero Jucá (PMDB) reclamou que ele e o partido foram atacados pela campanha de Ângela Portela (PT). Rodrigo Jucá, filho do senador, era vice na chapa do governador Chico Rodrigues (PSB), que acabou derrotado por Suely Campos (PP). O PT apoiou a candidata no segundo turno.
Outro líder do PMDB insatisfeito é o senador Eunício Oliveira, derrotado por Camilo Santana (PT) na eleição para o governo do Ceará.
Aliado de Dilma, ele reclamou por ter enfrentado um candidato do partido da presidente e anunciou que fará oposição ao PT no Estado. Em 2010, Eunício elegeu-se senador em coligação com o PT.
Como no Ceará, PT e PMDB haviam disputado juntos as eleições de 2010 no Rio, no Piauí e no Espírito Santo, mas se enfrentaram em 2014.
No Rio, o rompimento partiu do PT, que lançou Lindbergh Farias contra o reeleito Luiz Fernando Pezão (PMDB). Resultado: parte do PMDB fez campanha para Aécio Neves.
No Piauí, o governador José Filho (PMDB) aliou-se ao PSDB para disputar a reeleição contra o senador Wellington Dias (PT), colega de palanque em 2010. O petista venceu no primeiro turno.
"O caminho natural é continuarmos adversários", diz o deputado Marcelo Castro, presidente do PMDB-PI.
No ES, o PT reclama de abandono. Seguindo orientação de Lula, o partido se preparou para apoiar Paulo Hartung (PMDB) para que Dilma tivesse palanque forte. O peemedebista, porém, aliou-se ao PSDB. O PT lançou candidato de última hora e teve só 6% dos votos. "No segundo turno todos os partidos, exceto PDT e PC do B, fizeram campanha aberta contra Dilma", diz o presidente do PT capixaba, João Coser.
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