- Folha de S. Paulo
Estamos saindo do mundo do faz de conta e caindo na real, deixando para trás a fantasia econômica que marcou o primeiro mandato de Dilma Rousseff. O que gera insatisfação, já manifestada nos protestos da semana passada.
Em São Paulo, Rio e Belo Horizonte, manifestantes saíram às ruas contra o aumento das tarifas de ônibus, metrô e trens --congeladas nos últimos anos à custa de subsídios.
Protestar faz parte e muito bem à democracia. Força governantes a se aproximarem dos desejos de seus eleitores não só em anos de eleição. Esta turma, por sinal, costuma tomar decisões apenas sob pressão.
Só que, sob a égide petista, o consumidor brasileiro ficou um pouco mal acostumado. O governo Dilma criou a ilusão de que alguns preços não precisavam subir, mesmo quando seus custos aumentavam e muito.
Foi assim que, por decisão, inspiração ou medo do Palácio do Planalto, as tarifas do transporte público ficaram congeladas, o preço da gasolina subiu a conta gotas e a conta de luz até aumentou, mas não na mesma proporção dos custos do setor.
A farra, como tudo na vida, teve seu preço, foi bancada pelo dinheiro do contribuinte. No fim, quem vai pagar o almoço grátis é o mesmo que dele se beneficiou, de uma forma ou de outra. Seja pelo uso do seu dinheirinho ou pelo desequilíbrio econômico que desarranjou o país.
Para consertar o estrago, a nova equipe econômica sentencia que o sonho acabou. Daí o temor de dilmistas de que os próximos meses sejam de tensão social. Novos protestos já estão agendados e o cenário pela frente não é alentador. O desemprego voltou a bater na porta e a inflação vai subir por causa do necessário realinhamento de preços públicos.
É a conta da política artificialista de combate à inflação chegando à mesa do eleitorado. Ele pode e deve protestar, já que tal estratégia funciona só no curto prazo, até o governante de plantão atingir seu objetivo. Depois, fica e ficou insustentável.
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