• Direção do partido age para evitar ataques internos às propostas de Renan
Fernanda Krakovics - O Globo
BRASÍLIA - Apesar de não concordar com alguns pontos da Agenda Brasil, a cúpula do PT tenta conter ataques do partido ao conjunto de propostas defendido por Renan Calheiros (PMDBAL), investindo em uma política de bom relacionamento com o presidente do Senado. Ele é um dos autores do “pacote anticrise”, cuja apresentação foi o marco de sua reaproximação com o Planalto. Dirigentes petistas afirmam que, agora, o mais importante é tentar melhorar o ambiente político e mudar a pauta de discussões, que tem sido monopolizada pela crise econômica e de governabilidade.
Entre os pontos que contrariam o PT estão a ampliação da idade mínima para a aposentadoria, a flexibilização das regras para o licenciamento ambiental e a retomada da discussão sobre a regulamentação do trabalho terceirizado. Petistas afirmam que a agenda significa uma redução de direitos trabalhistas, da proteção social e do papel do Estado na economia.
Dirigentes do partido têm procurado petistas críticos ao pacote e pedido compreensão com o momento político difícil e a situação de fragilidade do governo. Nessas conversas, integrantes da direção do PT apostam que os pontos polêmicos nem devem ser votados, pelo menos a curto prazo.
— Vamos trabalhar pelo que nos une. Esses assuntos (polêmicos) não vão entrar agora. A agenda é tão extensa que, em dois anos, não a esgotaremos — disse o senador Jorge Viana (AC).
A direção do PT também evita turbulências para não prejudicar a votação dos pontos de interesse do governo: unificação do ICMS com convergência das alíquotas para o destino; regularização e repatriação de dinheiro não declarado de brasileiros no exterior; e reforma do PIS/Cofins, com a criação de uma alíquota única.
No PT, os críticos da Agenda Brasil a colocam no mesmo patamar da política econômica do ministro da Fazenda, Joaquim Levy — ou seja, veem suas propostas como um receituário estranho ao partido. É o caso do senador Lindbergh Farias (RJ), que prepara uma agenda alternativa com medidas para a retomada do crescimento econômico.
— Alguns setores tentam aproveitar a fragilidade do governo para impor uma agenda. De fato, houve um movimento importante quando Renan se separou do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e disse que o Senado vai ser uma Casa responsável. Mas isso não significa um compromisso nosso com pautas que prejudicam os direitos dos trabalhadores, que são contra nossa agenda histórica — argumenta Lindbergh.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), tenta contemporizar:
— Acho que o próprio Renan vai ter o bom senso de ver que vários pontos polêmicos precisam ser discutidos.
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