• Tucanos querem dosar grau de proximidade com Cunha, mas usarão as inserções de TV amanhã e sábado para apoiar os atos pró-impeachment
Erich Decat – O Estado de S. Paulo
A cúpula do PSDB quer dosar o grau de proximidade a ser estabelecido com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), neste semestre que deve ser decisivo para o futuro da presidente Dilma Rousseff. A avaliação foi feita ontem por tucanos após o peemedebista e representantes da oposição articularem uma manobra para tentar assegurar a votação de um processo de impeachment na Casa.
O Estado apurou que há um entendimento de parte da cúpula do PSDB de que, antes de fechar qualquer acordo com o presidente da Câmara, é preciso aguardar as manifestações do dia 16 e o eventual desgaste do Planalto com a crise econômica. Há o receio de que embarcar num projeto de impeachment sem ter um verdadeiro "termômetro social" pode abrir caminho para o governo sair das cordas. A discussão da manobra regi mental para votação do impedimento de Dilma foi colocada na reunião realizada ontem em Brasília entre lideranças do PSDB.
Segundo relatos, o presidente da legenda, senador Aécio Neves (MG), não se posicionou nem contra nem a favor da iniciativa. Em público, disse ser "provável" que vá ao protesto do dia 16. Dentro do ninho tucano também tem sido colocado em avaliação diária até onde o partido deve se "abraçar" com Cunha, que é alvo da Operação Lava Jato. O entendimento é que até onde for de interesse do partido haverá uma "parceria" como a que prevista no caso das CPIs do BNDES e dos Fundos de Pensões. Cunha tem articulado para assegurar espaço de destaque aos opositores nessas comissões.
Segundo integrantes da cúpula do PSDB que estão em negociação com o peemedebista, entre as cadeiras que o partido deverá ocupar nas CPIs estão as duas vice-presidências. Os deputados da legenda escalados para integrar a CPI do BNDES já foram definidos: Marcus Pestana (MG), Betinho Gomes (PE) e Miguel Haddad (SP). Ainda não foram escolhidos os membros para investigar os fundos. Já a comissão para tratar de crimes cibernéticos, a ser comandada pelo PSDB, deverá ser presidida por Mariana Carvalho (RO).
Acordo. Para não se expor diretamente coma condução do processo de impeachment, Cunha tem costurado alternativas. Entre os cenários traçados está ode ele rejeitar um pedido oriundo do julgamento das contas do governo, no Tribunal de Contas da União (TCU). Ern contrapartida, colocaria em votação recurso apresentado pela oposição para o plenário dar a palavra final. "Você pedir para que o presidente da Câmara que é do PMDB defira o pedido é um pouco demais. Não podemos exigir que ele defira o pedido de impeachment", afirmou ao Estado o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP). "Sempre trabalhamos com a hipótese de ele indeferir e nós apresentarmos um recurso para que o impeachment vá ao plenário."
Protestos. Ontem o PSDB também reafirmou apoio aos protestos contra Dilma marcados para o próximo dia 16. Amanhã e no sábado, o partido vai usar suas inserções de TV para convocar a população a tomar parte nas manifestações.
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