• ‘Não acuso a presidente de corrupção, mas foi beneficiária política do que aconteceu’, afirma tucano
- O Globo
-BRASÍLIA- O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), antevê o fim prematuro do governo Dilma Rousseff e diz que só não sabe se será via Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a cassação da chapa Dilma/Michel Temer, renúncia ou por força de um impeachment. O senador acha que há clima para o impedimento, mas diz que Dilma não se beneficiou pessoalmente da corrupção. As declarações foram dadas no programa “Preto no Branco”, do jornalista Jorge Moreno, no Canal Brasil.
— Quando vejo hoje como esse grupo (do PT) se apoderou do Estado para ganhar uma eleição, como corrompeu o Estado, como usou uma empresa pública, digo que fizemos uma campanha quase heroica. E vou repetir uma frase, dura, que não perdi a eleição para um partido, mas para uma organização criminosa, que se estabeleceu no seio do Estado, arrecadando quantias vultosas, ilícitas e descumprindo a legislação em todos os momentos — afirmou Aécio Neves, que disse na sequência.
— Quando se fala em pedaladas se fala que a presidente contrariou a lei e permitiu que bancos públicos financiassem programas sociais. É um crime o que foi feito... Eu não acuso a presidente da República de corrupção pessoal. Nunca fiz isso. Não acho que ela seja beneficiária pecuniária do que aconteceu, mas foi beneficiária política. E, quando burla a Lei de Responsabilidade Fiscal, faz isso conscientemente, porque os alertas foram inúmeros durante a campanha — disse o senador tucano.
Aécio Neves citou números que mostram o mau desempenho do governo Dilma. Ele afirmou que o seu partido tem pesquisas internas que demonstram que 64% dos mais de 54 milhões de pessoas que votaram em Dilma no segundo turno, não votariam se as eleições fossem hoje. O senador afirmou também que, durante a campanha eleitoral, quando alertou para o ambiente que o país viveria em 2015, com inflação e desemprego, era chamado de pessimista e que não apostava no crescimento do país.
— Além da crise moral, vivemos uma crise econômica e social sem precedentes e que é gravíssima, com desemprego e inflação. Há uma crise de confiança, que vem pela forma como a presidente agiu na campanha, faltando com a verdade, mentindo. Não enxergo mais na presidente condições de nos tirar desse atoleiro no qual seu governo e esse ciclo do PT nos mergulhou.
Aécio entende que há, sim, clima para o impeachment e negou que esse assunto tenha esfriado.
— Estava esfriado mais na classe política, no Congresso Nacional. Houve essa arrumação, usando os piores métodos possíveis, com distribuição de cargos públicos como se fosse distribuição de banana em feiras livres. No terceiro e quarto escalão. Tudo em troca de voto para Dilma. O projeto é manter-se no cargo por mais algum tempo, mas está derretendo.
Denúncia grave contra Cunha
O senador demonstrou frustração quando contou que a presidente Dilma, logo após confirmada sua reeleição, não tornou pública uma ligação que ele fez para ela vinte minutos depois. Esse exemplo foi usado pelo senador como a indisposição de Dilma para trabalhar com a oposição.
— Só se conversa com quem quer conversar. Vinte minutos depois de anunciado o resultado, liguei para a presidente e a cumprimentei. Ela não teve a gentileza, que a liturgia recomenda, de registrar isso. Disse a ela que estava de parabéns e que desejava força para cumprir o desafio de unir o país. Eu estava dando a senha. Se digo em missão de unir o país é que estava pronto para ser chamado para uma conversa em torno de uma agenda. Mas ela agiu como se tivesse vencido com 90% dos votos.
Aécio Neves voltou a afirmar que as denúncias contra Eduardo Cunha são extremamente graves, que suas respostas as acusações são “pífias” e que o PSDB irá votar pelo seu afastamento da presidência da Câmara e pela cassação de seu mandato no Conselho de Ética.
Nenhum comentário:
Postar um comentário