• Para ex-senadora, processo ‘agrega variáveis’ ao longo dos debates
Sérgio Roxo - O Globo
-SÃO PAULO- Apesar de crítica ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, deflagrado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a ex-senadora Marina Silva diz que o o seu partido, a Rede, vai formar posição ao longo da tramitação do processo na Câmara. Para Marina, o instrumento não pode ser classificado como um golpe, como definem os petistas, mas exige responsabilidade.
Terceira colocada na última eleição presidencial, Marina diz que a Rede vai agir com independência na comissão especial que avaliará o pedido de afastamento da presidente:
— Vamos firmar nossa convicção. O processo de impeachment requer a materialidade dos fatos, mas é também um processo político que vai agregando uma série de variáveis no decorrer do debate . Temos que assegurar o envolvimento da sociedade, mas sem que isso signifique protelar essa questão indefinidamente, agravando cada vez mais a situação política, econômica e social do país, que já é dramática.
Marina condena as barganhas políticas promovidas com Cunha, pelo governo e pela oposição, antes de o processo de impeachment ser aceito pelo presidente da Câmara.
— Tanto o governo como uma parte da oposição estavam blindando o Cunha. Um porque queria o impeachment e outro porque não queria. Só quando a opinião pública passou a pressionar muito fortemente, e surgiram dados inquestionáveis trazidos pelas investigações mostrando que a situação dele é insustentável, é que foram mudando de posição. Mas essa situação estava posta desde o início pelos dois lados e o próprio presidente da Casa se beneficiou usando o cargo e a função.
Renúncia é decisão unilateral
A ex-senadora rechaça argumentos usados por petistas de que o impeachment, nas circunstâncias em que o pedido foi apresentado, é um golpe.
— Temos a compreensão de que o pedido de impeachment por parte de qualquer cidadão não é um golpe. É um direito que a Constituição garante e, ao recorrer a ele, você não é necessariamente um golpista. Cabe verificar se as alegações trazidas estão de acordo com aquilo que prescreve a constituição para o impeachment.
Indagada se a renúncia da presidente seria um caminho para o país sair da crise, foi enigmática:
— A renúncia é um processo unilateral da presidente. Eu sempre tenho a ideia de que não se sacrifica uma nação por causa de uma eleição, de que não se sacrifica um país por causa de um partido.
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