- Folha de S. Paulo
O grande jogo da final vai começar. Um time, em frangalhos, quer ganhar nem que seja de meio a zero. Se sentir que vai perder, recorrerá ao tapetão. Pode levar a taça, mas vale a pena?
O outro entra em campo com jeito de quem tem a galera do seu lado, exibe um plantel bem mais forte, diz que joga mais bonito, tem chances de ganhar, mas pode vencer com um gol de mão. Vale a pena?
Este é o impasse do Brasil na largada do processo de impeachment contra a presidente Dilma. Como diz um sábio supremo, estamos no ritmo do "não dá para sair, mas também não dá para ficar". Entre um lado e outro, tem o campo da legalidade, que não podemos atropelar.
A equipe de Dilma conta seus votos e busca pelo menos 171 para barrar o processo de afastamento da chefe. Se o placar da Câmara mostrar, no dia derradeiro, oposição 245, governo 173, ela ganha de meio a zero, fica onde está, mas segue fraca.
Do lado do time da oposição, as conspirações seguem frenéticas nos vestiários, mas hoje uma vitória pode vir de um gol de mão em impedimento. Afinal, o argumento das pedaladas fiscais é frágil ou inexistente para afastar um presidente. É o que se ouve até nos corredores do STF. Vale a pena ganhar assim?
A turma de Dilma, por sinal, vai recorrer ao tapetão do STF. Com chances de ganhar. Vencer no Supremo manterá Dilma no Planalto, mas ainda assim fraca. Para virar o jogo, teria de golear no plenário da Câmara. Já não basta comemorar vitória por minoria de votos ou melar legalmente o jogo nos tribunais.
Enfim, Dilma entra em campo sem confiar até nos seus pretensos aliados, pode ser traída a qualquer hora. Quer encerrar o jogo rápido porque o tempo conspira contra ela.
A oposição quer esticar a partida à espera de fatos novos que possam dar legalidade, hoje de certa forma frágil, a uma vitória final. Conta com delações à vista. Nunca um ano vai demorar tanto para terminar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário