• Políticos já debateram uma série de saídas para crise no governo Dilma, como adoção do parlamentarismo
Cristiane Jungblut - O Globo
- BRASÍLIA- Uma dia depois de defender a proposta de eleições gerais, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB- AL), disse ontem que concorda com uma proposta de realização de plebiscito sobre o assunto. Essa é mais uma das saídas ventiladas pelos políticos desde que a crise no governo Dilma Rousseff chegou ao auge. Além de eleições gerais e plebiscito, já se falou em instituir o semiparlamentarismo e em eleições apenas para presidente e vice.
— Qualquer cenário não pode ser descartado, tem de ser levado em consideração, acumulado, para que possamos ter amanhã saídas. Existem correntes que defendem fazer um plebiscito, ouvir a sociedade. E ouvir a sociedade nunca será uma ideia ruim — disse Renan, que afirmou estar disposto a criar uma comissão para analisar propostas de emenda constitucional sobre plebiscito e eleições, se elas forem formalizadas.
Almoço com Jucá
Aliado da presidente Dilma Rousseff, Renan almoçou com o novo presidente do PMDB, o senador Romero Jucá (RR). Foi a primeira conversa de ambos sobre a convivência dentro do partido entre aliados de Dilma e favoráveis ao desembarque do governo e ao impeachment da petista. Jucá assumiu com a missão de defender o vice Michel Temer dos ataques, mas também de barrar articulações de Renan pró- Dilma.
Segundo interlocutores, Renan estaria disposto a renunciar a seu mandato de senador, assim como seu primogênito, Renan Filho, renunciaria ao cargo de governador de Alagoas, caso as eleições gerais foram marcadas. Dizem que esse gesto seria possível porque ambos têm popularidade suficiente para se reeleger.
Mas mesmo dentro do PMDB as recentes declarações de Renan começam a incomodar. Aliados de Dilma acreditam que ele ficou isolado, apenas ao lado de Marina Silva, que foi candidata à Presidência pelo PSB em 2014. O presidente do Senado lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) deve analisar a questão da implantação do parlamentarismo no país.
— Tem essa questão da consulta do parlamentarismo, da implantação, se pode haver emenda constitucional. E, havendo a provação da PEC ( Proposta de Emenda Constitucional), faz- se plebiscito antes ou depois. Acho que qualquer cenário tem de ser guardado em favor do Brasil — disse Renan.
Como novo presidente do PMDB, Jucá começou ontem a articular com a oposição e a operar dentro do partido. O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), também participou do almoço com Jucá e Renan. Mais tarde, Renan fez uma provocação a Jucá ao comentar o almoço.
— Almocei com Jucá e recomendei a ele a leitura do Zuenir Ventura — disse Renan, sorrindo.
Em editorial publicado ontem no GLOBO, Zuenir faz uma análise de que os atuais personagens políticos estariam com posições diferentes daquelas tomadas há 17 anos, quando houve a tentativa de aprovar o impeachment do então presidente Fernando Henrique. Na época, Michel Temer era presidente da Câmara, e o pedido não foi aprovado.
Jantar com senadores
Jucá quer fazer uma reunião do partido para discutir a posição sobre impeachment e a situação dos ministros, já que até agora apenas Henrique Eduardo Alves deixou o Turismo. Jucá marcou um jantar com os senadores para tentar ampliar sua influência sobre a bancada.
Antes do almoço, Jucá disse a parlamentares do DEM que o PMDB tem maioria de votos a favor do impeachment, na Câmara e no Senado. Já os parlamentares do DEM reclamaram das manifestações de peemedebistas a favor de Dilma, citando Renan como exemplo.
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