Com a permissão da legislação, ao menos 80 parlamentares mudaram de partido; MDB foi sigla que mais perdeu em número absoluto – 14
Isadora Peron | O Estado de S. Paulo.
BRASÍLIA - Pelo menos 80 deputados aproveitaram a chamada janela partidária para mudar de partido, o que equivale a mais de 16% dos 513 parlamentares que compõe a Câmara. Nesse troca-troca, o MDB foi o partido que mais perdeu parlamentares em número absoluto – 14 deixaram a sigla do presidente Michel Temer.
O levantamento foi feito com base em dados oficiais da Câmara e de estimativas dos próprios partidos. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a janela partidária, período de um mês em que os deputados podem trocar de partido sem serem punidos, terminou à meianoite de sexta-feira.
Os dados, ainda parciais, mostram que o PT, que vive o seu pior momento com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deve voltar a ser o partido com maior bancada na Câmara, com 55 deputados. Essa posição antes era do MDB, que deve terminar a janela com 54 parlamentares.
As mudanças também beneficiaram o PP, partido do chamado “centrão”, que, apesar de fazer parte do governo Dilma Rousseff, apoiou o impeachment e hoje acumula dois dos maiores ministérios do governo Temer: Saúde e Cidades. A bancada da legenda ganhou dez de deputados e saltou para 54, empatando com o MDB.
Entre os partidos que mais se beneficiaram também está o DEM, do presidente da Câmara e pré-candidato ao Palácio do Planalto, Rodrigo Maia (DEM). Há um mês, quando o período da janela começou, o partido tinha 33 deputados, ganhou 13 parlamentares, perdeu 5, e deve ficar com uma bancada de 42, já incluindo o nome de Mendonça Filho, que deixou o Ministério da Educação e retornará à Casa.
Outro partido que se destacou foi o nanico PSL que tinha apenas três parlamentares e agora tem nove, todos eles atraídos pela campanha à Presidência de Jair Bolsonaro, que trocou o PSC pela legenda liberal.
Além do MDB, outra sigla que desidratou foi o PSB, que viu 13 deputados saírem e somente três entrarem. Outros partidos do centrão, como SD e PRB também ficaram com o saldo negativo no troca-troca.
Balcão. Muitas legendas usaram os recursos do fundo público eleitoral para atrair deputados. Durante o mês que durou a janela, os corredores da Câmara se tornaram um verdadeiro balcão de negócios. O relato de parlamentares é que os grandes e médios partidos estavam oferecendo em média R$ 2 milhões para a campanha dos deputados que mudassem de partido. A garantia de que os novos membros iriam ter o comando dos diretórios estaduais da sigla também foi usada como moeda de troca.
Líder do DEM na Câmara, o deputado Rodrigo Garcia (SP), afirma que o partido ainda não definiu o valor que cada deputado vai ter do fundo eleitoral e acredita que o aumento do número de parlamentares se deve à “refundação” da legenda e à possibilidade dos deputados participarem das direções estaduais.
Já o vice-líder do MDB, deputado Darcísio Perondi (RS), culpou a crise do partido no Rio pela debandada da sigla, já que dos 14 deputados que saíram, seis eram fluminenses. “O que mais pesou foi o fator regional”, afirmou Perondi.
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