domingo, 2 de outubro de 2022

Hélio Schwartsman - A queda

Folha de S. Paulo

Derrota de Bolsonaro não apaga fracasso moral dos brasileiros

A menos que as pesquisas eleitorais estejam muito erradas, Jair Bolsonaro deve sofrer uma fragorosa derrota nas urnas. A dúvida é se a queda será sacramentada já ou se será necessária a votação do dia 30. Em qualquer hipótese, ele permanece no cargo até 31/12/2022, o que exigirá de nós muita atenção, pois, embora as chances de um golpe exitoso pareçam remotas, é bastante provável que ele aposte na confusão e também tente plantar armadilhas para seu sucessor.

Os otimistas poderão proclamar que não apenas as instituições funcionaram como também que houve aprendizado democrático. Em 2018, os brasileiros elegeram alguém totalmente despreparado para exercer o cargo máximo do país, mas perceberam seu erro e o consertaram quatro anos depois.

Minha visão é menos benigna. É verdade que as instituições foram capazes de evitar uma ruptura constitucional. Mas elas sofreram enorme desgaste ao longo dos últimos quatro anos e é razoável afirmar que só resistiram porque houve mobilização de setores influentes da sociedade civil e da comunidade internacional. Sem isso, a história poderia ter sido diferente.

Mais importante, mesmo admitindo que o conceito de culpa coletiva é complicado, para dizer o mínimo, acho que dá para afirmar que nós, como sociedade, fracassamos moralmente ao não afastar Bolsonaro pela via do impeachment. Elementos jurídicos para fazê-lo começaram a se acumular desde o início do mandato, mas foi seu desempenho na epidemia que transformou o afastamento num imperativo moral. Ali, ele não apenas deixou de cumprir com sua obrigação de proteger a população como contribuiu ativamente para piorar a situação sanitária, sabotando a vacinação e o distanciamento social e propagandeando curas inexistentes.

Não ter usado os remédios constitucionais para nos livrar de um governante desses é uma nódoa que teremos de carregar. Ao não tê-lo afastado, nós o normalizamos.

4 comentários:

Anônimo disse...

"Mais importante, mesmo admitindo que o conceito de culpa coletiva é complicado, para dizer o mínimo, acho que dá para afirmar que nós, como sociedade, fracassamos moralmente ao não afastar Bolsonaro pela via do impeachment"

Concordo. Tenho vergonha de ter o bozo como palerma-presidente AINDA Q NUNCA TENHA NELE VOTADO.
Pois é, isso é culpa coletiva: sou culpado MESMO SEM SER CULPADO por termos um genocida-presidente.
Pqp!

Anônimo disse...

O colunista tem plena razão sobre o DESGASTE INSTITUCIONAL! Foi possível segurar alguns dos piores instintos do genocida, mas outros se expressaram livremente com apoio de Aras e Lira, de grande parte da cúpula das Forças Armadas e de certos setores fascistoides da imprensa e de algumas "igrejas". Isto resultou em 400 mil brasileiros mortos e que não puderam participar desta eleição, por incompetência e maldade do presidente e de seu capacho ministro da Saúde general Pazuello. A área ambiental e dos povos indígenas também foi trucidada pelo genocida e seus cúmplices políticos no ataque a tais setores. A Educação do MEC foi desmontada por 5 ministros seguidos, cada um mais incompetente que o outro. O STF resiste aos trancos e barrancos, e optou por atuar apenas em casos mais graves, deixando passar uma infinidade de pequenos crimes que seriam inaceitáveis se a presidência estivesse ocupada por um político educado ou normal (como Lula ou Dilma, inclusive).
Por estar um MALUCO genocida na presidência, aceitamos muito mais do que aceitaríamos se fosse um presidente DEMOCRATA. E o genocida esticará ainda mais a corda se chegar ao segundo turno, e ainda mais se obtiver um impensável segundo mandato por via eleitoral.

Anônimo disse...

Parabéns pelos seus comentários, anônimo das 14:54.
Acrescento minhas observações.
O bozo quer uma crise, q vem buscando desde sempre. O STF está pisando em ovos.
Imaginem uma DECISÃO, uma decisão beeeem específica, uma decisão que tem uma característica buscada AVIDAMENTE PELO BOZO.
Bolsonaro está salivando por ela, atiçando-a. Não só esperando, MAS PROVOCANDO-A! ELE A DESEJA, aspira, E A PERSEGUE.

Qual é esta decisão?
Simples. Uma decisão q ele possa NAO CUMPRIR.

BOZO PROVOCA UMA DECISÃO SUPREMA Q ELE POSSA não cumprir, algo sutil ou não, um erro, uma má interpretação suprema, um deslize.
E aí ele poderá convocar sua súcia, incluindo as FA e polícias.

É tudo q ele quer. Um erro do STF.

Felizmente, ainda q aos trancos e barrancos, Xandão e cia., pisando em ovos, não entregaram ao genocida o q ele mais deseja: essa decisão q ele possa ignorar.
PARABÉNS, XANDÃO!
PARABÉNS, STF!

Anônimo disse...

Seu jornalista cretino , com mais de 60% das urnas apuradas Bolsonaro está na frente , vocês panfletários de esquerda e seus Instituto Datafolha IPEC caíram as máscaras a sociedade saberá julgá-los e dar o troco