O Globo
Extrema direita dominou campo conservador e
voltará a disputar com Lula em 2026
Jair Bolsonaro virou réu e, pelo que se viu e
ouviu no Supremo, caminha para ser condenado nos próximos meses. O capitão já
estava inelegível pelos ataques à urna eletrônica. Agora deve receber uma pena
dura pela tentativa de golpe.
Na quarta-feira, uma jornalista quis saber
quem ele apoiará em 2026. O ex-presidente se invocou com a pergunta, engrossou
com a repórter e arriscou uma piada: “Se não for o Jair, vai ser o Messias.
Quer um terceiro nome? O Bolsonaro”.
O capitão não quer largar o osso tão cedo. Enquanto estiver solto, deve sustentar a ficção de que será candidato. A insistência serve a dois objetivos: evitar a desmobilização da tropa e elevar o preço de um endosso eleitoral no ano que vem.
Acostumado a fazer política em família, o
ex-presidente estimulava o deputado Eduardo Bolsonaro a se apresentar como
“plano B”. Com a fuga do filho para os Estados Unidos, ele será pressionado a
escolher outro herdeiro que prometa indultá-lo.
Não faltam candidatos a esse tipo de acordo.
Primeiro da fila, Tarcísio de Freitas se apressou para bater continência e
jurar fidelidade ao padrinho. “Bolsonaro é a principal liderança política do
Brasil e assim seguirá”, derramou-se, ao fim do julgamento.
Se o governador ainda disfarça a aspiração
presidencial, seus aliados já rasgaram a fantasia. Em dois dias, três deles se
ofereceram abertamente para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes: o prefeito
Ricardo Nunes, o secretário Gilberto Kassab e o deputado André do Prado.
Quando o Supremo estiver próximo de bater o
martelo, restarão a Bolsonaro duas opções: esperar o veredito ou fugir do país
para escapar da cadeia. Isso não significa que o bolsonarismo sairá de cena.
Comandada pelo capitão, a extrema direita
fincou raízes, cresceu e se tornou hegemônica no campo conservador. É dessa
linhagem autoritária, e não de um centro imaginário, que deverá emergir o
adversário do PT em 2026.
A História do Brasil também sugere que é
arriscado descartar a hipótese de um retorno do Messias. De Getúlio a Lula, o
país já teve outros presidentes que perderam o poder e chegaram a ser dados
como mortos para a política. Até ressuscitarem.
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