Valor Econômico -
Por Gabriel Shinohara, Estevão Taiar, Jéssica Sant'Ana
Ministro afirma que estratégia do governo na guerra comercial de Trump é esperar “plano de voo” do governo dos EUA
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse
não acreditar que uma recessão seja necessária para baixar a inflação no país.
“Não acredito nisso, acho que você consegue administrar a economia de maneira a
crescer de forma sustentável sem que a inflação saia do controle”, disse em
entrevista para o programa “Bom dia, ministro”.
“Acredito que temos uma tarefa que é debelar esse aumento de preços que houve, isso tem que ser feito pelo Executivo e pelo Banco Central e vamos buscar esse resultado. Tudo o que a gente quer é crescer com sustentabilidade. O Brasil não cresceu durante muitos e muitos anos. Eu não acredito que você precisa de uma recessão para baixar a inflação no Brasil. Não acredito nisso.”
Questionado sobre a elevação na taxa básica
de juros anunciada na quarta-feira pelo Banco Central (BC), Haddad afirmou que
o aumento estava contratado pela última reunião do Copom de 2024, quando elevou
a taxa básica de juros em 1 ponto percentual (p.p.) de 11,25% para 12,25% ao
ano e sinalizou mais duas elevações, uma em janeiro e outra em março, que foram
realizadas.
Nesta quarta, o colegiado decidiu de forma
unânime elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 13,25% para 14,25% ao ano, a
última elevação sinalizada em dezembro. Além disso, o colegiado descreveu o
cenário como “adverso” para a convergência da inflação e indicou que continuará
no ciclo de altas, mas em uma magnitude menor do que 1 ponto percentual (p.p.).
Sobre o cenário externo, o ministro da
Fazenda afirmou que, como o presidente dos EUA, Donald Trump, está abrindo
guerra comercial com o mundo inteiro, “certamente eles não vão preservar o
Brasil”. Porém, segundo ele, o Itamaraty vai saber como minorar os prejuízos ao
Brasil, a partir da mesa de negociação que será aberta entre os países.
“Nós precisamos aguardar o que o governo
Trump pensa da relação com o Brasil. Até agora, nós sabemos muito pouco o que
eles pretendem, até porque eles têm uma relação [comercial] superavitária com o
Brasil. Mas, como eles estão abrindo guerra com o mundo inteiro, não vão
preservar o Brasil, certamente. Quando for para uma mesa de negociação, eles
vão botar o etanol na mesa, nós vamos botar o açúcar”, disse Haddad em
entrevista à GloboNews.
"Por que essa celeuma toda em torno do impulso fiscal?”— Fernando Haddad
“Em outras vezes que aconteceram
controvérsias similares, o Brasil se deu bem, porque o Brasil tem uma grande
diplomacia, o Brasil sabe lidar com esse tipo de coisa”, completou.
Ele disse que o governo brasileiro não está
“levando combustível para essa fogueira”. A estratégia é esperar que o governo
Trump apresente o seu “plano de voo” para a relação comercial com o Brasil, o
que deve acontecer nas próximas semanas, sinalizou o ministro.
Haddad disse ainda que houve um impulso
fiscal de R$ 130 bilhões, mas negou que tenha sido culpa do governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele atribuiu o impulso fiscal a calotes
dados pelo governo Bolsonaro.
“Impulso fiscal se deu porque pagamos calote
de precatórios e ressarcimos os governadores”, afirmou Haddad. “Por que essa
celeuma toda em torno do impulso fiscal? Governo foi diligente e entregou
resultado fiscal melhor”, completou.
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