sexta-feira, 21 de março de 2025

Recessão não é saída para baixar inflação, diz Haddad

Valor Econômico - 

Por Gabriel ShinoharaEstevão TaiarJéssica Sant'Ana

Guilherme Pimenta

Ministro afirma que estratégia do governo na guerra comercial de Trump é esperar “plano de voo” do governo dos EUA

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse não acreditar que uma recessão seja necessária para baixar a inflação no país. “Não acredito nisso, acho que você consegue administrar a economia de maneira a crescer de forma sustentável sem que a inflação saia do controle”, disse em entrevista para o programa “Bom dia, ministro”.

“Acredito que temos uma tarefa que é debelar esse aumento de preços que houve, isso tem que ser feito pelo Executivo e pelo Banco Central e vamos buscar esse resultado. Tudo o que a gente quer é crescer com sustentabilidade. O Brasil não cresceu durante muitos e muitos anos. Eu não acredito que você precisa de uma recessão para baixar a inflação no Brasil. Não acredito nisso.”

Questionado sobre a elevação na taxa básica de juros anunciada na quarta-feira pelo Banco Central (BC), Haddad afirmou que o aumento estava contratado pela última reunião do Copom de 2024, quando elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual (p.p.) de 11,25% para 12,25% ao ano e sinalizou mais duas elevações, uma em janeiro e outra em março, que foram realizadas.

Nesta quarta, o colegiado decidiu de forma unânime elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 13,25% para 14,25% ao ano, a última elevação sinalizada em dezembro. Além disso, o colegiado descreveu o cenário como “adverso” para a convergência da inflação e indicou que continuará no ciclo de altas, mas em uma magnitude menor do que 1 ponto percentual (p.p.).

Sobre o cenário externo, o ministro da Fazenda afirmou que, como o presidente dos EUA, Donald Trump, está abrindo guerra comercial com o mundo inteiro, “certamente eles não vão preservar o Brasil”. Porém, segundo ele, o Itamaraty vai saber como minorar os prejuízos ao Brasil, a partir da mesa de negociação que será aberta entre os países.

“Nós precisamos aguardar o que o governo Trump pensa da relação com o Brasil. Até agora, nós sabemos muito pouco o que eles pretendem, até porque eles têm uma relação [comercial] superavitária com o Brasil. Mas, como eles estão abrindo guerra com o mundo inteiro, não vão preservar o Brasil, certamente. Quando for para uma mesa de negociação, eles vão botar o etanol na mesa, nós vamos botar o açúcar”, disse Haddad em entrevista à GloboNews.

"Por que essa celeuma toda em torno do impulso fiscal?”— Fernando Haddad

“Em outras vezes que aconteceram controvérsias similares, o Brasil se deu bem, porque o Brasil tem uma grande diplomacia, o Brasil sabe lidar com esse tipo de coisa”, completou.

Ele disse que o governo brasileiro não está “levando combustível para essa fogueira”. A estratégia é esperar que o governo Trump apresente o seu “plano de voo” para a relação comercial com o Brasil, o que deve acontecer nas próximas semanas, sinalizou o ministro.

Haddad disse ainda que houve um impulso fiscal de R$ 130 bilhões, mas negou que tenha sido culpa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele atribuiu o impulso fiscal a calotes dados pelo governo Bolsonaro.

“Impulso fiscal se deu porque pagamos calote de precatórios e ressarcimos os governadores”, afirmou Haddad. “Por que essa celeuma toda em torno do impulso fiscal? Governo foi diligente e entregou resultado fiscal melhor”, completou.


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