Folha de S. Paulo
Os adultos na sala da oposição avaliam que é
hora de aguardar o tom e o rumo do julgamento no STF
Com o julgamento
das ações por tentativa de golpe de Estado e atos correlatos prestes a
começar, tudo que os adultos sentados na sala da direita não querem é criar
confusão com o Supremo Tribunal Federal nem conturbar ainda mais o ambiente
político.
Daí que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) foi aconselhado a se afastar da cena e desistir de presidir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Daí decorre também o certo alívio naquele campo com o ato esvaziado em prol da anistia aos executores de atos antidemocráticos entre o fim de 2022 e início de 2023.
O filho do ex-presidente iria para a comissão
com o intuito de tumultuar, criando situações para insinuar reprimendas
dos Estados
Unidos ao Supremo, reforçando apreço por Donald Trump enquanto
o presidente americano afronta o mundo democrático, Brasil incluído, e põe em
risco a economia global. Eduardo Bolsonaro fará seu show nesse roteiro de
qualquer jeito, mas fora
da cena nacional.
Não é prudente, avalia-se, colocar o carro à
frente dos bois, bem como aconselha-se a não menosprezar a inteligência dos
ministros do STF acreditando
que cairiam em provocações que reforçassem a tese de um julgamento
persecutório. São sagazes o suficiente para não entrar nessa pilha. Há também a
percepção de que quanto mais Bolsonaro se coloca na linha de frente da defesa
da anistia, figurando assim como principal beneficiário, menos chances o
projeto tem de ser aprovado tão cedo. Ilustra a própria vaidade, mas inibe
apoios à defesa de alívios de penas em casos pontuais.
A coisa perdeu tração no Congresso. Os
presidentes da Câmara e do Senado não
estão a fim de comprar tensões adicionais com o Executivo e o Judiciário.
Comandantes de partidos do centrão, como PSD e Republicanos, tampouco. A
despeito de às vezes se posicionarem com um pé lá e outro cá, ainda permanecem
de corpo a alma agarrados aos ministérios.
Por essas e algumas outras (emendas) é que os
mais experientes acham melhor esperar o tom e o rumo do julgamento para só
então espernear.
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