O Fórum Econômico Mundial começa hoje em Davos, na Suíça, tendo como um dos temas principais o apoio à agenda do G-20 - grupo que reúne as principais economias do mundo, entre as quais a do Brasil -, e como principal orador o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que também preside o G-20. Ele apresentou na segunda-feira, em Paris, uma agenda de discussão que nos interessa diretamente, pois tem como objetivo central a regulação do mercado internacional de commodities, especialmente os produtos agrícolas.
A economia brasileira tem apresentado bons resultados principalmente devido ao apetite da China por commodities, o que tem feito os preços subirem.
Além do mais, o Brasil é dos maiores exportadores de produtos agrícolas, e teria seus interesses atingidos por uma regulação mundial de preços. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já afirmou que o país não aceita nenhuma regulação que vise a controlar os preços.
O presidente francês está centrando seu programa de ação no G-20 no apoio dos países europeus, e designou três líderes para coordenarem os trabalhos.
O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev - que seria o orador da abertura do Fórum e cancelou sua viagem devido ao atentado no aeroporto de Moscou -, vai coordenar o grupo de trabalho sobre o mercado de matéria-prima, com especial atenção aos produtos agrícolas.
Um dos objetivos seria organizar uma estatística mais transparente sobre os estoques e o consumo, a fim de evitar especulações que elevam os preços.
Essa tarefa ficaria a cargo da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). A Índia e a China resistem a divulgar informações que consideram "estratégicas", ao mesmo tempo em que Brasil e Estados Unidos se preocupam com movimentos que podem produzir críticas à produção dos biocombustíveis, acusada de ocupar terras que poderiam ser usadas para produção destinada à alimentação.
O primeiro-ministro da Inglaterra, James Cameron, será o coordenador do grupo que vai analisar a governança internacional e o papel do G-20, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, vai coordenar o grupo que estudará a reforma do sistema monetário internacional.
O Fórum de Davos tem este ano o tema genérico de "Normas compartilhadas para uma nova realidade", que procura refletir a preocupação da maioria dos líderes de um mundo cada vez mais interconectado - e por isso mais complexo - e que, ao mesmo tempo, experimenta a erosão de valores e princípios, o que, na visão dos organizadores do Fórum, reduz a confiança da opinião pública nas lideranças, provocando instabilidade econômica e social.
O tema central foi dividido em quatro subtemas relacionados entre si - entre eles "Respondendo a uma nova realidade"; "Definição de políticas para um crescimento inclusivo"; "Criar uma rede de respostas a riscos" -; e o apoio à agenda do G-20, que é o que interessa mais de perto ao Brasil neste momento.
Para organizadores do Fórum, a importância do G-20 dependerá da habilidade para criar bases para um crescimento sustentável, equilibrado e inclusivo, depois que a recuperação da crise financeira estiver garantida, com um sistema financeiro mais resistente a crises. Já há uma concordância sobre o papel do G-20, hoje considerado o instrumento mais promissor para definir a nova governança num modelo multinacional de liderança, mesmo que sua legitimidade ainda seja questionada por alguns países.
A agenda do G-20, segundo o Fórum, inclui ainda a necessidade de uma maior interdependência entre os negócios e os governos, considerada fundamental para que os negócios continuem inovadores e ajudem a criar mais empregos, permitindo que os governos não se vejam tão sobrecarregados com os problemas internos e possam se dedicar mais às tarefas políticas de liderança nesse novo mundo multipolar.
Essa foi uma maneira sutil que os organizadores do Fórum Econômico encontraram para colocar em discussão a intervenção dos governos nas economias, o que provocou um problema fiscal na maior parte dos países, e o aumento da inflação mundial.
Fundamental para enfrentar essa nova realidade mundial será a busca de normas compartilhadas que possam ser utilizadas num mundo multipolar tanto por governos quanto por corporações multinacionais, permitindo que comportamentos inaceitáveis sejam vistos como tal em todos os mercados.
Essa seria a base para uma discussão mais ampla sobre a reforma do sistema monetário, que a chanceler alemã Angela Merkel vai coordenar a pedido de Sarkozy. Já está sendo organizado um seminário internacional que será realizado, não por acaso, na China.
O Fórum Econômico pretende ser o catalisador das discussões que dominarão o G-20 com relação à agenda do presidente francês para seu mandato na presidência do organismo, e estarão presentes nos debates de Davos todos os líderes europeus nela envolvidos, antecipando as posições que estarão em análise nos próximos meses, inclusive a regulação do mercado internacional de commodities.
A representação brasileira não terá a presença nem do ministro da Fazenda, Guido Mantega, nem do ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Deverá caber ao chanceler Antonio Patriota a discussão política sobre o papel do G-20.
Também o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o do BNDES, Luciano Coutinho, terão papel importante na definição das posições brasileira com relação à exportação de matérias-primas.
Nesse contexto, ganhará maior importância a candidatura, já oficializada pelo Itamaraty, de José Graziano para a direção-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
Graziano, que já representa o Brasil na FAO, é homem de confiança do PT, tendo sido ministro responsável pelo programa Fome Zero, que acabou sendo substituído, no início do governo Lula, pelo Bolsa Família.
Diante da tentativa dos países desenvolvidos de controlar o mercado internacional de commodities, especialmente os produtos agrícolas, o cargo na FAO será um posto estratégico.
O governo brasileiro tem um histórico de insucessos na tentativa de ocupar cargos relevantes nos organismos internacionais, e é provável que mais uma vez se veja diante de uma reação à sua pretensão.
FONTE: O GLOBO
A economia brasileira tem apresentado bons resultados principalmente devido ao apetite da China por commodities, o que tem feito os preços subirem.
Além do mais, o Brasil é dos maiores exportadores de produtos agrícolas, e teria seus interesses atingidos por uma regulação mundial de preços. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já afirmou que o país não aceita nenhuma regulação que vise a controlar os preços.
O presidente francês está centrando seu programa de ação no G-20 no apoio dos países europeus, e designou três líderes para coordenarem os trabalhos.
O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev - que seria o orador da abertura do Fórum e cancelou sua viagem devido ao atentado no aeroporto de Moscou -, vai coordenar o grupo de trabalho sobre o mercado de matéria-prima, com especial atenção aos produtos agrícolas.
Um dos objetivos seria organizar uma estatística mais transparente sobre os estoques e o consumo, a fim de evitar especulações que elevam os preços.
Essa tarefa ficaria a cargo da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). A Índia e a China resistem a divulgar informações que consideram "estratégicas", ao mesmo tempo em que Brasil e Estados Unidos se preocupam com movimentos que podem produzir críticas à produção dos biocombustíveis, acusada de ocupar terras que poderiam ser usadas para produção destinada à alimentação.
O primeiro-ministro da Inglaterra, James Cameron, será o coordenador do grupo que vai analisar a governança internacional e o papel do G-20, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, vai coordenar o grupo que estudará a reforma do sistema monetário internacional.
O Fórum de Davos tem este ano o tema genérico de "Normas compartilhadas para uma nova realidade", que procura refletir a preocupação da maioria dos líderes de um mundo cada vez mais interconectado - e por isso mais complexo - e que, ao mesmo tempo, experimenta a erosão de valores e princípios, o que, na visão dos organizadores do Fórum, reduz a confiança da opinião pública nas lideranças, provocando instabilidade econômica e social.
O tema central foi dividido em quatro subtemas relacionados entre si - entre eles "Respondendo a uma nova realidade"; "Definição de políticas para um crescimento inclusivo"; "Criar uma rede de respostas a riscos" -; e o apoio à agenda do G-20, que é o que interessa mais de perto ao Brasil neste momento.
Para organizadores do Fórum, a importância do G-20 dependerá da habilidade para criar bases para um crescimento sustentável, equilibrado e inclusivo, depois que a recuperação da crise financeira estiver garantida, com um sistema financeiro mais resistente a crises. Já há uma concordância sobre o papel do G-20, hoje considerado o instrumento mais promissor para definir a nova governança num modelo multinacional de liderança, mesmo que sua legitimidade ainda seja questionada por alguns países.
A agenda do G-20, segundo o Fórum, inclui ainda a necessidade de uma maior interdependência entre os negócios e os governos, considerada fundamental para que os negócios continuem inovadores e ajudem a criar mais empregos, permitindo que os governos não se vejam tão sobrecarregados com os problemas internos e possam se dedicar mais às tarefas políticas de liderança nesse novo mundo multipolar.
Essa foi uma maneira sutil que os organizadores do Fórum Econômico encontraram para colocar em discussão a intervenção dos governos nas economias, o que provocou um problema fiscal na maior parte dos países, e o aumento da inflação mundial.
Fundamental para enfrentar essa nova realidade mundial será a busca de normas compartilhadas que possam ser utilizadas num mundo multipolar tanto por governos quanto por corporações multinacionais, permitindo que comportamentos inaceitáveis sejam vistos como tal em todos os mercados.
Essa seria a base para uma discussão mais ampla sobre a reforma do sistema monetário, que a chanceler alemã Angela Merkel vai coordenar a pedido de Sarkozy. Já está sendo organizado um seminário internacional que será realizado, não por acaso, na China.
O Fórum Econômico pretende ser o catalisador das discussões que dominarão o G-20 com relação à agenda do presidente francês para seu mandato na presidência do organismo, e estarão presentes nos debates de Davos todos os líderes europeus nela envolvidos, antecipando as posições que estarão em análise nos próximos meses, inclusive a regulação do mercado internacional de commodities.
A representação brasileira não terá a presença nem do ministro da Fazenda, Guido Mantega, nem do ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Deverá caber ao chanceler Antonio Patriota a discussão política sobre o papel do G-20.
Também o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o do BNDES, Luciano Coutinho, terão papel importante na definição das posições brasileira com relação à exportação de matérias-primas.
Nesse contexto, ganhará maior importância a candidatura, já oficializada pelo Itamaraty, de José Graziano para a direção-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
Graziano, que já representa o Brasil na FAO, é homem de confiança do PT, tendo sido ministro responsável pelo programa Fome Zero, que acabou sendo substituído, no início do governo Lula, pelo Bolsa Família.
Diante da tentativa dos países desenvolvidos de controlar o mercado internacional de commodities, especialmente os produtos agrícolas, o cargo na FAO será um posto estratégico.
O governo brasileiro tem um histórico de insucessos na tentativa de ocupar cargos relevantes nos organismos internacionais, e é provável que mais uma vez se veja diante de uma reação à sua pretensão.
FONTE: O GLOBO
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